"Simplesmente Uma Mulher" usa clichê ao falar de americanos e árabes
Dirigido pelo franco-argelino Rachid Bouchareb ("London River- Destinos Cruzados"), o drama "Simplesmente Uma Mulher" pode ser visto como uma espécie de "Thelma & Louise" pós-globalização, na era em que nacionalidades e culturas são assimiladas pelos Estados Unidos e pasteurizadas ao seu modo.
O fato de ser assinado por um cineasta não norte-americano teria muito a contribuir, afinal, ele traria a visão do "outro". Entretanto, o diretor se contenta em aceitar todos os clichês de personagens e temas do cinema hollywoodiano, tornando seu filme um tanto previsível.
Segundo a revista "Variety", este é o primeiro filme de uma trilogia que Bouchareb pretende fazer sobre as relações entre os Estados Unidos e o mundo árabe. É um começo bastante fraco, que não anima para os próximos segmentos da série.
TRAILER LEGENDADO DE "SIMPLESMENTE UMA MULHER"
Ao contrário de Lars von Trier e sua inacabada trilogia sobre os Estados Unidos -- até agora, ele só filmou "Dogville" (2003) e "Manderlay" (2005) --, Bouchareb absorve a gramática da narrativa cinematográfica norte-americana. Assim, a visão crítica que poderia injetar em seu filme é substituída por uma boa vontade universalizante que dilui identidades culturais.
Marilyn (Sienna Miller), jovem norte-americana atendente numa pequena empresa, sonha em trabalhar com a dança do ventre, sua paixão. Nas aulas, ela é a melhor aluna, tanto que seu professor (Michael Ehlers), sugere que ela participe da seleção para um grupo de dança em Santa Fé. Apaixonada por seu marido desempregado e beberrão, Harvey (Jesse Bob Harper), ela prefere manter a vidinha de sempre.
No caminho do trabalho, ela sempre para num mercadinho de uma família árabe, mantendo contato com Mona (Golshifteh Farahani, de "Procurando Eli"), jovem egípcia, cujo casamento com Mourad (Roschdy Zem) vive em crise pela pressão constante da sogra (Chafia Boudraa) para que o casal tenha filhos.
Cena do filme "Simplesmente Uma Mulher", dirigido por Rachid Bouchareb
Quando Marilyn é demitida e flagra seu marido com outra mulher, ela decide que é hora de ir embora de Chicago e tentar a vaga de dançarina em Santa Fé.
Para ganhar dinheiro, pretende se apresentar em restaurantes pelo caminho. Por um acaso criado pelo roteiro, nesse mesmo dia Mona dá uma dose excessiva de remédios para a sogra, que morre. Assustada, a jovem decide fugir. Marilyn e Mona vão se encontrar na estrada, seguindo juntas, dançando (Mona também sabe dançar) em restaurantes e bares.
Exceto por um encontro com uma família de norte-americanos de mentalidade limitada numa área de acampamento, não há muito o que as moças precisem enfrentar que denuncie algum tipo de tensão entre norte-americanos e imigrantes árabes.
É difícil se interessar pela jornada das personagens porque elas não deixam qualquer tipo de impressão mais forte, são rasas, sem nuances. Não falta empenho, porém, às duas atrizes, que conseguem tirar alguma verdade de criaturas tão mal concebidas.
*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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