Lealdade de parceiros em combate ao crime é testada em "Dose Dupla"
"Dose Dupla" é um filme sobre lealdade. Até aí, nenhuma novidade, pois não há nada mais clichê em filmes policiais, sejam de ação ou de suspense, do que a revelação de que um aliado do protagonista era, na verdade, seu inimigo. Mas quando um recurso tão batido quanto esse é bem utilizado o resultado da produção pode ser bom. O longa estreia no circuito nacional na sexta-feira (13).
À primeira vista, o islandês Baltasar Kormákur consegue isso em seu quarto longa hollywoodiano, baseado nas graphic novels de Steven Grant. Ele proporciona um bom entretenimento para o público com a história de um agente da divisão de entorpecentes da polícia norte-americana, Bobby (Denzel Washington), e o oficial do serviço de inteligência da Marinha, Stig (Mark Wahlberg).
Disfarçados, os dois roubam um banco utilizado pelo tráfico de drogas. Ao descobrirem a identidade um do outro e se verem abandonados à própria sorte, ambos têm de se juntar novamente para tentar sair da mira dos bandidos.
TRAILER LEGENDADO DE "DOSE DUPLA"
Apesar de abusar da inverossimilhança em algumas sequências, o diretor faz um filme de ação que prende o espectador. Além da qualidade do som e de alguns planos interessantes, a chave está no roteiro repleto de piadas. Outro aspecto positivo é a presença dos atores Denzel Washington e Mark Wahlberg. Os astros sustentam tanto o vigor físico exigido nas cenas de combate quanto o lado cômico nas piadas do texto, seja pelo talento ou pelo carisma.
Contudo, "Dose Dupla" não fala apenas sobre a fidelidade nas relações sociais de amizade e parentesco, a exemplo do longa anterior de Kormákur, "Contrabando" (2012). Em seu trabalho mais recente, o cineasta vai mais a fundo e questiona a lealdade nas relações institucionais e internacionais.
Algumas perguntas são feitas implicitamente no decorrer do filme. As instituições governamentais são leais ao seu povo? A corrupção não quebra a confiança estabelecida entre governo e população?
O outro caso é retratado com a relação entre Estados Unidos e México. Em uma associação injusta, o primeiro facilita, por baixo dos panos, a entrada de drogas do cartel da nação latino. Mas ao mesmo tempo, o Tio Sam combate ferozmente a entrada ilegal de imigrantes que, sem perspectiva de uma vida melhor em seu próprio país, buscam o sonho americano no vizinho rico.
Pela pitada de crítica colocada em uma fórmula de puro entretenimento, vale a pena conferir "Dose Dupla". Basta saber se o filme será leal às expectativas do público.
*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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