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Fanny Ardant brilha como protagonista de "Os Belos Dias"

Neusa Barbosa

Do Cineweb*

10/10/2013 11h30

Em "Os Belos Dias", Fanny Ardant realiza as fantasias mais profundas de sua personagem sexagenária ao encarnar Caroline, uma dentista que abandonou a profissão. Ela acredita que vai afundar na depressão depois de perder a melhor amiga e ser empurrada pelas filhas para um clube da terceira idade. Ironicamente, é lá que ela redescobre a alegria, o sexo e a liberdade.

O filme estreia em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Salvador, Ribeirão Preto e Campinas nesta sexta-feira (11).

Na obra da diretora francesa Marion Vernoux, adaptada por ela mesma de um livro de Fanny Chesnel, não há lugar para nenhuma piedade politicamente correta em relação aos personagens sessentões -como a própria Fanny Ardant, com 64 anos na vida real.

Felizmente, o roteiro vai muito além de permitir à sua protagonista uma breve aventura. Ele lhe dá tempo para uma renovação total, sem mágicas excessivas, tudo embalado em bastante bom humor.

Casada com outro dentista, Philippe (Patrick Chesnais), Caroline está a ponto de surtar com as chatices dos pacientes. Um dia, depois de discutir com um deles, decide que chega dessa vida. Também se sente culpada por ter estado trabalhando enquanto sua melhor amiga morria no hospital.

A repentina liberdade e o tempo de sobra são assustadores no começo. Uma das filhas de Caroline decide, então, dar-lhe de presente um convite para conhecer as atividades de um clube da terceira idade, chamado "Os Belos Dias".

O primeiro contato com a aula de teatro é um desastre e Caroline jura que nunca mais põe os pés naquele lugar. Uma dificuldade com o computador leva-a de volta, desta vez à aula de informática, conduzida por um quarentão atraente, Julien (Laurent Lafitte). Laurent não liga para idade, ele gosta de qualquer mulher. Daí para uma aventura clandestina é um passo.

Se até essa parte "Os Belos Dias" é até certo ponto previsível, o mesmo não acontece a partir das consequências desse pequeno romance. A história permite-se brincar com os estereótipos da "madurona assanhada" e do "conquistador incorrigível", sem esquecer de garantir uma chance de reação digna ao marido traído.

Afinal, o foco da história não é um debate sobre o adultério e sim a possibilidade de reinvenção da identidade de uma mulher que já viveu muito e quer viver muito mais. E, aí, Fanny Ardant dá um banho de charme, beleza e liberdade, num papel que é o sonho para alguém com a bagagem da intérprete de "A Mulher do Lado" (1981) e "8 Mulheres" (2002).

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb