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"Frankenstein - Entre Anjos e Demônios" renova radicalmente o personagem de Mary Shelley

Rodrigo Zavala

Do Cineweb*

23/01/2014 19h47

A primeira informação importante sobre "Frankenstein - Entre Anjos e Demônios", com estreia mundial nesta quinta-feira (23), é a de que não se trata de uma adaptação do clássico criado por Mary Shelley (1797 - 1851). Na realidade, baseia-se no HQ "I, Frankenstein", escrito pelo roteirista e ator americano Kevin Grevioux, mentor da franquia cinematográfica "Anjos da Noite".

O filme circula em versões 3D e convencionais, dubladas ou legendadas.

Embora se inspire no personagem icônico de Shelley, alterando um pouco a sua origem, Grevioux abre um novo capítulo na narrativa da criatura, mote deste filme. Depois de enterrar seu criador, Viktor Frankenstein (Aden Young), e rumar para o Polo Norte (desfecho do livro), o personagem (Aaron Eckhart) se vê em meio a uma batalha milenar entre anjos (que assumem por vezes a forma de gárgulas) e demônios pelo domínio da humanidade.

O argumento do escritor e roteirista concentra-se no fato de que, como foi criado por um homem, a criatura (lembrando que Frankenstein é o seu inventor) não possui alma. Sob essa lógica, os demônios liderados por Naberius (Bill Nighy) caçam o personagem enxergando nele uma possibilidade de dar vida a uma nova legião do mal.

No entanto, o exército de anjos-gárgulas, sob o comando de Leonore (Miranda Otto), também busca a criatura para entender como ela se encaixa nos planos de Naberius --especialmente depois de vê-lo matar alguns demônios.

Será Leonore quem batizará o personagem com o nome de "Adam", nome que é mantido sem tradução nas legendas nacionais, o que se mostra um erro, já que o correto deveria ser "Adão", para o público não perder a analogia sobre a criação do primeiro homem.

Ligado a contos fantásticos e terror gótico, Grevioux entende Adam como um ser humanizado, porém sem alma e, aparentemente, sem propósito. O HQ e o filme, assim, ilustram o processo de transformação do herói que ele pode se tornar. Como não faz parte do grupo de humanos (que desconhecem a batalha invisível), nem dos demônios ou gárgulas (que o veem com suspeitas), Adam deverá criar seu próprio caminho.

Apesar dos esforços com os efeitos especiais que dominam as cenas, a produção tem um problema na fonte, no roteiro co-escrito por Stuart Beattie, o diretor do filme. Com diálogos fracos e conflitos mal-amarrados, sobra pouco para o elenco se destacar.

Mesmo Aaron Eckhart, cuja boa aparência já o distancia da criatura de Frankenstein, não consegue entregar um personagem consistente. Um filme estritamente para fãs do HQ ou de fantasia.

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb