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"Operação Sombra - Jack Ryan" reinventa franquia modernizando personagem

Alysson Oliveira

Do Cineweb*

06/02/2014 16h34

Ao interpretar o personagem-título em "Operação Sombra - Jack Ryan", Chris Pine ("Além da Escuridão: Star Trek") recebe um verdadeiro legado. Ele é o quarto ator a representar o personagem, que já passou pelas mãos de Alec Baldwin ("Caçada ao Outubro Vermelho", 1988), Harrison Ford ("Jogos Patrióticos", 1992, e "Perigo Real e imediato", 1994) e Ben Affleck ("A Soma de Todos os Medos", 2002).

Ao colocar um ator jovem como o personagem e contar as suas origens --subvertendo aliás, a lógica do original, criado por Tom Clancy, que morreu no ano passado-- deixa-se claro que este é um recomeço da franquia e mira no público jovem, aquele que nem era nascido quando Clancy criou Ryan, em meados da década de 1980.

Analista da CIA, Ryan é um jovem estudante de economia quando acontecem os ataques às Torres Gêmeas em 2001. Originalmente, o personagem nasceu em 1950, mas aqui estamos começando do zero. O roteiro, assinado pelo estreante Adam Cozad e David Koepp ("Anjos e Demônios"), mostra como surgiu esse agente que, mesmo mantendo diversos fatos (acidente com helicóptero, trabalho como corretor de ações), muda circunstâncias e localizações.

Se o fim da Guerra Fria diminuiu a potencialidade dos russos como vilões, o presidente russo e ex-membro da KGB Vladimir Putin parece ter novamente encorajado o retorno a essa aura maligna no cinema --vide os recentes "Homem de Ferro 2", "Jack Reacher" ou "Duro de matar: Um bom dia para morrer". Aqui, o russo malvado de plantão é o ator britânico Kenneth Branagh --também diretor do filme--, que interpreta Viktor Cherevin, um típico vilão do gênero, rico até não poder mais, que vive cercado de guarda-costas e tem um empresa cujo sistema de dados é de segurança máxima.

Ryan não é um super-herói ao modo dos quadrinhos, com poderes especiais. Sua maior habilidade é, supostamente, o talento para os computadores, daí ser recrutado para trabalhar para o governo. Um convite, se é que assim deve ser chamado, que não pode ser negado, feito por um veterano num uniforme naval, Thomas Harper (Kevin Costner).

Já o interesse amoroso do herói é vivido por Keira Knightley, uma médica que o ajuda a se recuperar depois de perder os movimentos das pernas num acidente no Afeganistão, onde ele participava de uma missão do Exército quando ainda não era da CIA.

Como todos os filmes do gênero, os objetivos do vilão não importam muito, são apenas pretextos para cenas de perseguição, brigas e tiroteios --muitas delas pelas ruas de Moscou. Mais conhecido por suas adaptações shakespearianas, como diretor, Branagh não arrisca e segue a cartilha do gênero: faz um entretenimento correto, que, em alguns momentos lembra uma aventura qualquer de James Bond, e, em outros, um filme genérico de ação.

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb