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Polanski quer fazer filme sobre caso Dreyfus na Polônia

Roman Polanksi posa para os fotógrafos no Festival de Cannes (21/5/12) - Alberto Pizzoli/AFP Photo
Roman Polanksi posa para os fotógrafos no Festival de Cannes (21/5/12) Imagem: Alberto Pizzoli/AFP Photo

Marcin Goclowski

26/06/2014 17h30

O diretor Roman Polanski quer fazer um filme na sua Polônia natal sobre o famoso caso Dreyfus se conseguir garantias de que não terá problemas legais derivados de uma condenação por crime sexual nos Estados Unidos em 1977, disseram seus associados.

Polanski, de 80 anos, passou parte da infância na cidade polonesa de Cracóvia, onde pretende filmar, até ser ocupada pelas forças nazistas alemãs. Ele fugiu do gueto judeu, mas sua mãe morreu no campo de concentração de Auschwitz. Após a Segunda Guerra Mundial ele voltou a Cracóvia, e mais tarde emigrou.

"Roman Polanski cogita filmar na Polônia a respeito do caso Dreyfus", declarou seu advogado polonês, Jerzy Stachowicz, à Reuters.

Alfred Dreyfus foi um oficial de artilharia francês de origem judia cuja condenação por acusações falsas de traição foi criticada por ter sido motivada por antissemitismo. O caso gerou um cisma na sociedade francesa e mais tarde ele foi exonerado.

O Instituto Polonês de Cinema afirmou que Polanski alugou um apartamento em Cracóvia, visitou a cidade e levou sua família a Auschwitz, que hoje sedia um museu.

Em uma entrevista coletiva à imprensa nesta semana, Robert Benmussa, produtor que trabalhou com Polanski no filme "O Pianista", de 2002, premiado com o Oscar de melhor ator, diretor e roteiro adaptado, disse que a decisão final sobre o projeto ainda não foi tomada.

"Temos que ter certeza de que a filmagem não será interrompida por motivos legais", declarou Benmussa.

Polanski, diretor de clássicos como "O Bebê de Rosemary" e "Chinatown", declarou-se culpado em 1977 por ter relações sexuais não consensuais com Samantha Geimer, então com 13 anos, durante uma sessão de fotos à base de champanhe e drogas.

O diretor cumpriu 42 dias de prisão como parte de um acordo de 90 dias de sentença em 1977 e fugiu dos EUA no ano seguinte, por acreditar que o juiz responsável pelo caso poderia anular o acordo e encarcerá-lo por anos.

Em 2009, Polanski foi preso na cidade suíça de Zurique por conta do mandado expedido há 31 anos pelos EUA e colocado em prisão domiciliar. Ele foi libertado em 2010 depois que as autoridades suíças decidiram não extraditá-lo para os EUA.

Uma porta-voz do Ministério da Justiça da Polônia se recusou a comentar quando indagada se Polanski seria extraditado. Pela lei local, se os EUA pedissem sua extradição, um tribunal se pronunciaria sobre o caso, mas seu veredicto poderia ser revertido pelo ministro da Justiça.

Polanski tem defensores influentes na Polônia.

Questionado sobre o diretor nesta quinta-feira, o ex-presidente polonês Lech Walesa disse que não queria ver Polanski preso novamente. "Seria uma pena, porque ele é um cara normal, que eu conheço", Walesa disse a repórteres.