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No francês "Um Belo Domingo", personagens precisam lidar com transformações

Alysson Oliveira, do Cineweb

Em São Paulo

20/08/2014 16h22

"Um Belo Domingo", que estreia nesta quinta (21), é um drama francês sobre as possibilidades do acaso como catalisador de mudanças na vida das personagens. Dirigido por Nicole Garcia ("O Adversário"), o filme traz como protagonista Baptiste (Pierre Rochefort), um professor substituto de escola primária que não gosta de se fixar num lugar por muito tempo tanto que recusa aceitar uma vaga como efetivo quando lhe é oferecida.

A narrativa começa quando ele aceita cuidar de um de seus alunos, o pequeno Mathias (Mathias Brezot), por um fim de semana, uma vez que os pais divorciados do menino não poderão ficar com ele. Para distrair o garoto, ele o leva à praia. O menino insiste em seguir pelo caminho que a contorna, sem revelar que é para poder se encontrar com a mãe, que trabalha num restaurante à beira-mar.

Ela é Sandra (Louise Bourgoin), e como Baptiste, é uma pessoa sem rumos definidos na vida. Agora, trabalha como garçonete para pagar uma dívida que contraiu para um negócio que acabou não dando certo. Quando é pressionada por seus credores, a moça encontra no professor de seu filho uma ajuda inesperada.

Com ela e o garoto, Baptiste viaja para a casa onde cresceu, surpreendendo sua família que está reunida para um almoço de domingo. Como muito filme francês, é nessa casa de campo que a trama ganha força, com conflitos familiares e revelações que envolvem culpas do passado.

A matriarca da família da alta burguesia é interpretada pela grande Dominique Sanda ("O Conformista"), e se chama Liliane Cambière. Apesar de mãe amorosa que acolhe o filho pródigo, mais tarde revela-se um tanto fria e calculista.

Aos poucos, o filme resgata o passado de seu protagonista, as relações familiares tensas e o seu grande segredo. E, por fim, a presença de Sandra e a possibilidade de um romance com ela servem como um estímulo para o protagonista encarar seus fantasmas.

Nicole e seu corroteirista Jacques Fieschi fazem de Sandra uma personagem bastante interessante. A maior virtude da diretora aqui é o trato com os atores, que são capazes de injetar densidade e verdade em seus personagens até naqueles com quem se tem pouco contato. Embora o filme perca um pouco de sua força na reta final, ainda tem muito o que dizer sobre as pessoas que o habitam.

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb