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Ícone da Itália, Sophia Loren faz 80 anos e lança livro de memórias

Sophia Loren, durante o Festival de Cannes 2014 - Divulgação
Sophia Loren, durante o Festival de Cannes 2014 Imagem: Divulgação

Philip Pullella

De Roma

18/09/2014 11h30

Sophia Loren, ícone do cinema italiano e eterna diva, faz 80 anos nesta semana e vai marcar a ocasião com um livro de memórias que revela detalhes de sua vida e de sua trajetória da pobreza ao estrelado.

Para escrever as 300 páginas de "Ontem, Hoje e Amanhã - Minha Vida" (em tradução livre do título original), Loren mergulhou no que chama de "baú de lembranças", à cata de fotos antigas, cartas e bilhetes de figuras como Cary Grant, Frank Sinatra, Audrey Hepburn e Richard Burton, sem falar de sua alma gêmea, o também italiano Marcello Mastroianni.

O volume inclui muitas passagens picantes, como a ocasião em que ela deteve os avanços físicos de Marlon Brando com um olhar fulminante e aquela em que Grant sugeriu que rezassem para tomar a decisão certa por estarem se apaixonando no set de filmagem.

"De repente, ele (Brando) colocou as mãos em mim. Virei-me com toda a tranquilidade, bati em seu rosto e disse 'Não ouse fazer isso de novo. Nunca mais!'", escreveu. "Quando o pulverizei com os olhos, ele pareceu pequeno, indefeso, quase uma vítima de sua própria notoriedade. Ele nunca mais repetiu o gesto, mas foi muito difícil trabalhar com ele depois disso."

Com Grant, a história foi diferente. Os dois se apaixonaram em 1956, durante a filmagem de "Orgulho e Paixão", quando ela só tinha 22 anos e já estava envolvida com Carlo Ponti, seu futuro marido. Grant estava com 52 anos e em seu terceiro casamento, mas pediu a mão de Loren mesmo assim.

Loren  - Divulgação - Divulgação
Sophia Loren, em cena do filme "O Homem de La Mancha" (1972)
Imagem: Divulgação

O livro é um verdadeiro quem-é-quem do cinema mundial nos últimos 60 anos e uma crônica da vida de uma criança bastarda do sul da Itália que vagabundeava pelas ruas na infância e se tornou uma das estrelas de cinema mais glamourosas do mundo.

Seu título foi tirado da antologia cômica em três partes dirigida pelo grande cineasta italiano Vittorio De Sica, na qual Loren interpretou três papéis diferentes. O "Amanhã" parece ser sua maneira de dizer que sua carreira não acabou. Seu filme mais recente, uma adaptação de "The Human Voice", de Jean Cocteau, foi lançado neste ano.

Cada ocasião em que Loren comemora uma data importante é quase um evento nacional e, em parte, um lembrete amargo de que os bons tempos que ela simbolizou terminaram. Um canal de televisão está passando só filmes seus durante a semana como homenagem à mulher que ganhou dois Oscars, o primeiro em 1961 por seu retrato trágico de uma mãe nos tempos de guerra no clássico neo-realista de De Sica "Duas Mulheres".

Estão sendo organizadas exibições de fotos e mesas redondas sobre a ascensão extraordinária à fama planetária de uma adolescente pobre descoberta por um produtor de cinema que mais tarde se casou com ela e a transformou no que um crítico chamou de "maior produto de exportação italiano depois do macarrão".

Seu encanto imperecível é tamanho que, há alguns anos, um cardeal católico brincou que, embora a clonagem seja eticamente errada, poderia se abrir uma exceção para Loren.