Topo

Juliette Binoche emociona em drama do diretor norueguês Erik Poppe

Rodrigo Zavala

Do Cineweb, em São Paulo

05/11/2014 16h48

Não faltam superlativos para uma das mais importantes atrizes do cinema mundial, a francesa Juliette Binoche. Multifacetada artista, dedica-se à dança e à pintura, é modelo e filantropa, vencedora do Oscar e de alguns dos principais festivais internacionais de cinema (Cannes, Veneza, Berlim, César, entre outros). A veterana atriz faz um extraordinário trabalho na pele de Rebecca, em "Mil Vezes Boa Noite", que estreia nesta quinta (6).

Dirigido pelo norueguês Erik Poppe (de "Troubled Water"), o filme mostra o dilema da protagonista.

De um lado, o trabalho que ama, como fotojornalista em zonas de conflito, no qual arrisca a vida para mostrar ao mundo genocídios aos quais não raro ele teima em fechar os olhos. De outro, o sofrimento de sua família, em especial do marido Marcus (Nikolaj Coster-Waldau, de série "Game of Thrones"), que exige o fim de suas perigosas incursões.

O ultimato é provocado quando Rebecca volta para casa depois de ficar gravemente ferida no Afeganistão. Aliás, estão ali uma das melhores cenas do filme, quando a fotógrafa acompanha a preparação de uma jovem terrorista suicida, mostrando a dualidade entre o registro puro e as emoções que envolvem a protagonista.

Mas diferentemente de produções como "Sob Fogo Cerrado" (de Roger Spottiswoode, 1983) ou "Repórteres de Guerra" (de Steven Silver, 2010), que versam sobre o tema, Poppe (que também assina o roteiro) evita os questionamentos sobre a neutralidade da jornalista ante a barbárie. Na verdade, exalta a compulsão de Rebecca pelo retrato vívido, mesmo que isso diminua o impacto das lutas armadas para o espectador.

Afinal, o foco está na delicadeza com que Binoche compõe sua personagem e nos conflitos internos que irrompem na tela, com a sensibilidade irresistível da atriz. Seja no frente de batalha ou despedaçando seu coração frente à filha adolescente Steph (Lauryn Canny), Binoche encanta e emociona neste papel que Poppe escreveu para extrair o seu melhor.

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb