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Indicado ao Oscar, "Timbuktu" combate visão estereotipada sobre radicais islâmicos

14/02/2015 12h26

LOS ANGELES (Reuters) - Abderrahmane Sissako, diretor do filme mauritânio "Timbuktu", indicado ao Oscar, disse que o objetivo de seu drama é apenas humanizar o viver sob o radicalismo islâmico, combatendo visões estereotipadas.

O filme recria a tomada da cidade de Timbuktu, no Mali, em 2012. O local é um centro histórico de misticismo sufi e foi controlado pelo grupo Ansar Dine, que ocupou o norte do país e impôs uma rígida lei islâmica.    Intercalada com as cenas da ocupação, o enredo conta a história de um pastor de gado que acidentalmente mata um pescador e não tem direito a defesa alguma nos tribunais religiosos.    "O papel do artista é ser testemunha da vida", afirmou Sissako à Reuters. "Timbuktu" é a primeira indicação ao Oscar de Melhor Filme estrangeiro que a Mauritânia recebe.    Nas primeiras cenas, rebeldes islâmicos entregam um refém ocidental vendado uns para os outros e discutem o regime médico do sequestrado.    Essa é uma das formas que o cineasta de 53 anos usou para mostrar o lado humano dos jihadistas e das pessoas que eles comandavam com mão de ferro. Ele afirmou que não pretendia caracterizá-los como vilões nem vítimas.    Embora não seja favorito ao Oscar, "Timbuktu" pode se tornar o quarto filme africano a ganhar o prêmio, que será distribuído no dia 22 de fevereiro.    O filme concorrerá com os favoritos "Leviatã", uma tragédia russa, e "Ida", um drama de época polonês. Os outros indicados são a comédia argentina "Relatos Selvagens" e o drama de guerra estoniano "Tangerines".

(Por Eric Kelsey)