"Não existe igualdade de gênero em nenhum setor", diz Cate Blanchett
Depois de interpretar rainhas verdadeiras e míticas, uma estrela da era de ouro do cinema e até Bob Dylan, Cate Blanchett assumiu outra personagem lendária e complexa —a madrasta má de "Cinderela".
No filme "Cinderela", da Disney, que estreia nos cinemas norte-americanos em 13 de março, Blanchett, vencedora de dois Oscar, vive Lady Tremaine, a vilã conspiradora que tenta impedir Cinderela (Lily James) de se tornar uma princesa.
Blanchett, de 45 anos, conversou com a Reuters sobre como "Cinderela" traz uma história clássica para os dias de hoje e refletiu sobre as mulheres em Hollywood.
Reuters - Como você dá seu toque a uma personagem como a madrasta má, que se tornou parte da cultura pop?
Cate Blanchett - É muito fácil interpretar alguém que é simplesmente má, mas com a esperança de entender o que faz a pessoa agir assim. Acho que uma exploração do ciúme entre as mulheres é algo interessante para se explorar na tela.
Como essa nova versão moderniza a história?
Na história clássica dos anos 1950, Cinderela era um capacho de certa forma —era incrivelmente linda, movia-se com graça. Também não dava para entender o príncipe, tirando o fato de que ele era lindo e a salvava.
[O diretor Kenneth Branagh] falou muito sobre a gentileza como um superpoder, o que acho que levou a história para um cenário contemporâneo. Neste mundo competitivo em que a economia é tudo, se você parar um pouco, demonstrar empatia e gentileza para alguém, as pessoas passam por cima de você. O fato de que a bondade e a gentileza dela triunfam, de que isso realmente é um superpoder, é uma mensagem maravilhosa no mundo contemporâneo.
Hollywood foi bombardeada mais uma vez recentemente por sua carência de protagonistas femininas. Como você acha que os papéis tradicionais das mulheres estão mudando em Hollywood?
O fato de que ainda estamos falando disso significa que provavelmente não mudamos o bastante. Mas as pessoas sempre falam sobre Hollywood. Vamos começar com salários iguais para trabalhos iguais, e quando chegarmos nesse ponto em todos os setores, aí podemos dizer que as coisas mudaram. E aí talvez se possa olhar para Hollywood em busca das nuances de como as coisas estão sendo representadas. Acho que as mulheres ainda têm que conversar sobre isso... ainda não existe igualdade de gênero em nenhum setor.
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