Daniel de Oliveira protagoniza "Romance Policial", suspense de Jorge Durán
O veterano diretor e roteirista chileno Jorge Durán, radicado desde 1973 no Brasil, volta à sua pátria para criar "Romance Policial", suspense nebuloso sobre um escritor em formação, interpretado pelo ator Daniel de Oliveira. O longa estreia nesta quinta (4).
Um filme antes de tudo brasileiro, como o próprio diretor enfatiza, passado no Chile, em que a literatura não é fonte, mas sua razão de ser. Conhecido por roteirizar importantes filmes nacionais como "Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia" (1977), "Pixote, a Lei do Mais Fraco" (1981) e "O Beijo da Mulher-Aranha" (1984), Durán também dirigiu "A Cor do Seu Destino" (melhor filme no Festival de Brasília, em 1986), o premiado "Proibido Proibir" (2006) e "Não se Pode Viver Sem Amor" (2010).
À primeira vista, o arco inicial de "Romance Policial" é simplíssimo: um funcionário público, Antônio (Oliveira), quer ser escritor e viaja ao deserto do Atacama para uma imersão de autodescoberta e inspiração.
Chegando a San Pedro, cidade local, testemunha um assassinato, mas a polícia o vê como principal suspeito, em especial o oficial Martinez (Álvaro Rudolphy, escolhido como melhor ator coadjuvante no Cine PE, no ano passado). A narrativa vai ganhando substância a partir do envolvimento de Antônio com a dona da pousada, Miriam (Roxana Campos, melhor atriz coadjuvante no Cine PE), que conhecia o morto e forma um triângulo amoroso com Martinez.
Ciente do ofício de autor, Durán monta o mosaico a partir dos segredos pouco a pouco revelados, não só desses personagens, mas da população local, que leva aos tempos da ditadura de Augusto Pinochet, tema recorrente. O diretor e roteirista investe a partir desse ponto em duas dimensões com a ajuda da (excessiva) narrativa em off feita por Antônio.
De forma metafórica, trabalha com a solução do caso (o que se poderia chamar de "real"), conjuntamente ao romance em criação do novíssimo escritor (ficcional). Ambas se confundem, numa dualidade confusa, encerradas mais tarde com o desfecho detalhado. Com competente fotografia de Luís Abramo (frequente colaborador de Durán), que se apoia na ambientação causticante do deserto, a produção conta também por um trabalho envolvente do elenco.
Mas é na resolução e no ritmo que o filme demonstra suas fragilidades que, embora não sabotem a produção como um todo, podem causar certa frustração ao espectador, seja pela história em si, seja pela expectativa sobre Durán.
Assista ao trailer do filme
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