Nova adaptação de John Green, "Cidades de Papel" aborda o amadurecimento
Há um pouco mais de um ano, "A Culpa É das Estrelas" (2014) transportava o fenômeno editorial alcançado pelo escritor John Green para o mercado cinematográfico.
A primeira adaptação de um de seus livros conseguiu, mesmo com um orçamento modesto de 12 milhões de dólares, arrecadar 307 milhões de dólares nas bilheterias ao redor do mundo e emocionar a maioria do público.
Por isso, "Cidades de Papel" (2015), o mais novo filme baseado em uma obra do autor, chega aos cinemas com todo o marketing remetendo ao longa "irmão" tão bem-sucedido.
Mas não se engane: embora se perceba o estilo de Green em ambas as histórias —tanto nas obras originais quanto nos derivados—, quem já leu as duas sabe que cada uma segue uma trilha diferente.
O drama do ano passado, dirigido por Josh Boone, retratava o relacionamento de dois jovens com câncer, que tiveram a infância e adolescência alteradas pela doença; e apesar, ou por causa, de todo o sentimentalismo, era mais universal, principalmente por causa de seus carismáticos protagonistas.
A produção que estreia nesta quinta (9), com a direção de Jake Schreier, está mais para um filme de formação, sobre amadurecimento —com todos os clichês da temática adolescente e a desconstrução de alguns deles, com o tom de comédia predominando sobre o romance.
Pelo ponto de vista de Quentin Jacobsen (Nat Wolff), um garoto de Orlando —terra natal do escritor— prestes a se formar no ensino médio, o espectador conhece sua vizinha, a bela e misteriosa Margo Roth Spiegelman (Cara Delevingne).
Amigos quando crianças, os dois acabaram se afastando com o passar dos anos, mas ele continua platonicamente apaixonado por ela. Então, quando em uma noite, a garota invade seu quarto pela janela, como nos velhos tempos, e pede sua ajuda em um plano de vingança juvenil contra a traição de seu ex-namorado e das amigas, Q —como é chamado pelos mais íntimos— não pensa duas vezes e parte para a aventura.
No entanto, Margo, cujas escapadas durante a adolescência se tornaram comuns e até lendárias, some do mapa depois daquela noite. O apaixonado vizinho acredita que as pistas que ela sempre deixa estão, desta vez, destinadas a ele, por ser a última pessoa que esteve com a jovem.
A partir daí, ele se lança a uma investigação e até a uma viagem para descobrir seu paradeiro, contando com o auxílio dos amigos Ben (Austin Abrams) e Radar (Justice Smith), além da participação da namorada do último, Angela (Jaz Sinclair), e de Lacey (Halston Sage), uma das garotas mais populares do colégio e ex-BFF —gíria proveniente do inglês para melhores amigas "eternas"— de Margo.
Nesta parte, que, por sinal, é o segmento mais interessante do best-seller, como também do longa ao embarcar no filme de estrada, há um desenvolvimento extra em relação ao livro.
Se em "A Culpa é das Estrelas", Scott Neustadter e Michael H. Weber —de "(500) Dias Com Ela" (2009) e "O Maravilhoso Agora" (2013)— faziam uma adaptação praticamente literal, agora, repetindo a parceria com Green, parecem já ter mais liberdade com o autor para um roteiro mais livre, ainda que fiel à estrutura e ao espírito da obra original.
Por fim, em uma obra que se propõe a abordar as implicações das projeções que as pessoas fazem dos outros e de si mesmos, é melhor não criar expectativas quanto a ela, baseadas no livro ou no longa de sucesso do ano anterior.
Abrace "Cidades de Papel" do jeito que ele é e decida por si só o quanto o filme é de "papel" e o quanto se trata de um retrato sincero e nostálgico do fim da adolescência.
Assita ao trailer do filme
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