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Francês "Um Reencontro" retrata fantasias em romance adulto

Neusa Barbosa

Do Cineweb, em São Paulo

22/07/2015 16h16

Como é difícil injetar frescor no bom e velho gênero do romance. Mas a diretora e roteirista francesa Lisa Azuelos (da comédia adolescente "Rindo à Toa") tenta, em seu novo filme, "Um Reencontro", no qual ela também atua.

A história, que estreia nesta quinta (23), flui em torno de um homem e uma mulher quarentões, que vivem se encontrando por acaso. Eles são a escritora Elsa (Sophie Marceau), divorciada e mãe de dois adolescentes, ele, Pierre (François Cluzet), um advogado bem-sucedido e bem-casado, há 15 anos, com a antiquária Anne (Lisa Azuelos), com quem tem dois filhos.

Se o cenário, ainda mais num filme francês, está armado para uma complicada história extraconjugal, as expectativas são constantemente realinhadas pela diretora, que está mais interessada em investigar o componente da fantasia nos envolvimentos amorosos. Com um pé no realismo, também não deixa de lado os compromissos dessa gente entrada na maturidade. E assim joga com as emoções do público.

Apesar de livre, Elsa tem uma regra de ouro: nada de homens casados. Por isso, ela se torna uma verdadeira parede ao desejo de Pierre, que ela corresponde, mas não quer atender. Os encontros frequentes dificultam tudo. Os dois, que se conheceram num lançamento de livro dela, através de um amigo comum, o editor Julien (Arthur Benzaquen), vivem se esbarrando em Paris. Uma hora é num bar, outra hora numa festa de aniversário. Aí a promessa de manter distância é sempre desafiada. O que fazer?

Paralelamente, ao mostrar o cotidiano de Pierre com a mulher, que ele ama, e de Elsa com as amigas e os filhos além de um namorado muito jovem, Hugo (Niels Schneider), que ela tenta dispensar, sem total convicção, o filme humaniza os dois lados. E torna claros os detalhes por trás de suas escolhas.

Ao mesmo tempo, uma câmera solta em "travellings" generosos sobre lugares de sonho Paris, Londres enfatiza o lado da fantasia que move toda atração. Quem nunca teve uma tentação, que atire a primeira pedra.

A resolução do imbróglio pode até não ser satisfatória nem totalmente crível, justamente por se tratar de adultos, não de adolescentes. Mas o filme não pretende muito mais do que propor um jogo que entretenha e, se possível, seduza o público. Nem todos comprarão sua premissa.

A diretora deu-se bem melhor com sua comédia adolescente, "Rindo à Toa", que foi vista por mais de quatro milhões de franceses em 2008 e, por isso, teve uma refilmagem norte-americana, "Lola" (2012), também dirigida por ela.

Assista ao trailer do filme

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb