Quênia tenta atrair Hollywood de volta

Quando o filme "Entre Dois Amores" foi rodado no Quênia três décadas atrás, as imagens de safáris elegantes atraíram turistas aos montes, mas desde então o país tem tido dificuldade em repetir um sucesso do tipo.

Agora o Quênia quer voltar ao mapa dos cineastas, competindo por negócios que muitas vezes vão parar na África do Sul, ao oferecer incentivos fiscais e propagandeando cenários que vão das savanas empoeiradas a florestas tropicais e praias de areia branca.

"Andamos perdendo muito espaço para a África do Sul, com certeza em termos de filmes de ficção, e a razão principal é seu sistema de abatimento fiscal", disse Chris Foot, presidente da Comissão de Filmes do Quênia, uma empresa estatal, à Reuters.

Mas o Quênia resolveu reagir. O governo deu sua aprovação inicial a um desconto de 30 por cento nas produções cinematográficas, concordou em retirar taxas de importação de equipamentos de filmagem e está criando um escritório de contato para ajudar equipes de cinema a lidarem com a burocracia queniana. Um visto especial para essas equipes também está sendo preparado.

Os novos incentivos já terão um primeiro teste. A nação do leste africano está competindo com os sul-africanos para servir de locação para um novo filme sobre o ambientalista queniano Richard Leakey, que será dirigido por Angelina Jolie e pode ser estrelado por Brad Pitt.

Foot diz que atrair filmes estrangeiros e incentivar a produção local pode, dentro de três anos, criar uma indústria que emprega 250 mil pessoas e representa dois por cento do Produto Interno Bruto (PIB). As cifras atuais são só uma fração disso.

Mas as vantagens de se levar o Quênia de volta às telonas podem ser ainda maiores para um país cujo turismo andou sendo afetado por uma série de ataques islâmicos e por uma epidemia de Ebola no oeste da África, o que levou a cancelamentos de reservas em hoteis, apesar de o Quênia estar do outro lado do continente.

"A grande maioria das pessoas que vêm ao Quênia para um safári vêm porque viram um pela primeira vez em 'Entre Dois Amores'", afirmou Foot, referindo-se ao filme de 1985 baseado na vida da escritora Karen Blixen no Quênia no início dos anos 1900 e estrelado por Meryl Streep e Robert Redford.