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"Um Senhor Estagiário" opõe Anne Hathaway e De Niro em conflito geracional

Rodrigo Zavala

Do Cineweb, em São Paulo

23/09/2015 15h35

Acostumada a comédias água com açúcar com forte apelo intergeracional, como "Alguém Tem Que Ceder" (2003), "O Amor Não Tira Férias" (2006) e "Simplesmente Complicado" (2009), a diretora e roteirista Nancy Meyers mantém os elementos que a fizeram famosa na nova produção "Um Senhor Estagiário", em uma lógica que se aproxima do dito popular "não se mexe em time que está ganhando". O longa estreia nesta quinta (24).

Colocando um tanto de lado o romance, Meyers dá início à narrativa com uma vídeo-apresentação de Ben Whittaker (Robert De Niro). Viúvo e aposentado, aos 70 anos dispensa a ideia de inatividade e encontros sociais com outros setentões. Por isso, inscreve-se em um programa comunitário para trabalhar como estagiário de uma empresa de internet, comandada por Jules (Anne Hathaway).

O percurso, aqui, é um tanto paternalista, ao mostrar a capacidade de Ben em ajudá-la na difícil tarefa de liderar o negócio de e-commerce, que passou em poucos meses de um blog a um gigantesco empreendimento. Apesar de sua experiência analógica (Ben foi responsável pela produção de listas telefônicas por quase três décadas), ele começa a colocar a vida de Jules nos eixos.

Porém, o que Meyers enfatiza em seu roteiro não são as rusgas trazidas pela convivência entre gerações, mas a gênese da mulher empreendedora, moderna e independente, que foge da escolha entre família e trabalho. A experiência de vida de Ben, assim, não é o que sustenta Jules, mas é o que introduz um ponto de reflexão para a personagem.

Enriquecendo esse raciocínio humanista, a diretora se cerca de humor no texto e na colaborações dos inúmeros coadjuvantes, funcionando como alívios cômicos para a trama. Em especial o do nonsense Jason (Adam DeVine), que coordena o grupo de "novos" estagiários, o diletante Davis (Zack Pearlman) e a insegura assistente Becky (Christina Scherer).

Mas é a dupla de protagonistas, De Niro e Hathaway, que dá força ao trabalho, não apenas pelo peso de suas atuações, mas por seu poder de atração de espectadores. Entre o humor e o drama que a história lhes confere, ambos parecem sempre maiores do que seus papéis, cujo desenvolvimento foi pouco trabalhado por Meyers. Uma falha que pode passar despercebida graças ao excelente elenco que reuniu.

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