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Polônia quer encomendar filme "patriótico" a Hollywood para melhorar imagem

Ministro polonês Piotr Glinski, que quer um filme ao estilo "Coração Valente" sobre o país - Kacper Pempel/Reuters
Ministro polonês Piotr Glinski, que quer um filme ao estilo "Coração Valente" sobre o país Imagem: Kacper Pempel/Reuters

Justyna Pawlak*

Varsóvia (Polônia)

10/12/2015 11h02

O novo governo conservador da Polônia acredita que o país enfrenta um problema de imagem no exterior e quer que Hollywood produza um equivalente polonês de "Coração Valente" ou "Pearl Harbor" para divulgar o papel positivo da nação na história.

O governo acredita que um grande filme faria a Polônia sentir orgulho de suas conquistas e angariar mais respeito na arena global, em um momento no qual muitos cidadãos estão passando por dificuldades econômicas.

Críticos afirmam que o governo quer explorar o ímpeto nacionalista crescente para fortalecer sua popularidade e desviar a atenção do público dos problemas econômicos.

Mas, ao enfatizar o nacionalismo, os governantes também correm o risco de aumentar a xenofobia em uma época na qual a Europa se vê às voltas com um enorme influxo de refugiados do Oriente Médio.

"Não há filme internacionalmente reconhecido sobre a história polonesa. Lamento isso", disse o ministro da Cultura, Piotr Glinski, à Reuters em uma entrevista.

"Por que isso é importante? Toda comunidade precisa de algo que a una, de forma a ganhar força e vencer, ou antes não perder, no palco mundial. Econômica e politicamente", afirmou.

O Lei e Justiça (Pis, na sigla em polonês), partido eurocético de Glinski, venceu a eleição de outubro prometendo mais igualdade econômica e uma reação nacionalista à influência crescente de Bruxelas, sede da União Europeia.

Desde então, o PiS anunciou planos para uma grande campanha de relações públicas em casa e no exterior, incluindo a possível empreitada cinematográfica, assim como uma iniciativa para fazer escolas, teatros e canais públicos de televisão divulgarem mais temas patrióticos.

Glinski, que é o membro mais antigo do gabinete depois da primeira-ministra polonesa, Beata Szydlo, disse que o filme poderia, por exemplo, contar a história da batalha de Viena de 1683 ou a batalha de Monte Cassino de 1944, a última destas uma das mais duras da Segunda Guerra Mundial.

Em Viena, os poloneses ajudaram a derrotar os turcos, o que marcou o fim da expansão do Império Otomano na Europa.

"Quase toda história de guerra sobre um soldado polonês é um roteiro pronto", afirmou Glinski. O filme "contaria ao mundo quem protegeu nossa civilização".

O ministro declarou que o objetivo é uma produção "do nível de Hollywood" e que o governo tem feito contato com produtores em potencial, embora não tenha dito quem são.

*Reportagem adicional de Pawel Sobczak, Wiktor Szary e Jan Pytalski