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26/06/2008 - 16h21

"Wall-E" homenageia cinema de ficção científica dos anos 70

ALESSANDRO GIANNINI
Editor de UOL Cinema
Andrew Stanton entrou na Pixar em 1990. Começou como animador e depois passou a roteirista, função que exerceu pela primeira vez em "Toy Story - Um Mundo de Aventuras". Ajudou a escrever também "Vida de Inseto", "Toy Story 2", "Monstros S.A." e "Procurando Nemo". Neste último estreou na direção solo. "Wall-E" está entre seus projetos mais ambiciosos.



Tudo começou com uma idéia simples, discutida em um tradicional almoço de trabalho com a equipe criativa da Pixar, em 1994. Stanton disse que a primeira imagem que lhe veio à cabeça foi a de uma máquina abandonada no planeta Terra desolado. A partir dela surgiram outras mais elaboradas.

O personagem principal, um robô criado para recolher, compactar e empilhar lixo, é o pivô em torno do qual tudo converge. Ele foi deixado na Terra por uma humanidade assustada com a escalada da poluição. A solidão e a repetição da rotina fazem com que desenvolva personalidade própria.

Quando entra em cena Eva, um robô mais moderno, criado para explorar planetas em busca de sinais de vida vegetal, o filme toma outro rumo. Transforma-se em romance, depois em aventura e, finalmente, em denúncia ecologicamente correta.

Está claro que Stanton cresceu e se educou no cinema a partir das grandes ficções científicas dos anos 60 e 70. "Wall-E" tem referências a "2001 - Uma Odisséia no Espaço", "Guerra nas Estrelas", "Alien, O Oitavo Passageiro", "Blade Runner - O Caçador de Andróides" e "Contatos Imediatos do Terceiro Grau".

E não são apenas referências textuais ou imagéticas. Por exemplo, Auto, o piloto automático da nave Axiom, que vaga pelo espaço há 700 anos com o que restou da humanidade na Terra, é referência direta a HAL, o diabólico computador de bordo de "2001". Além disso, sua voz no original em inglês é de ninguém menos que Sigourney Weaver, a Ripley de "Alien".

Ben Burtt, o sonoplasta que criou a "voz" de R2D2 e o som característico dos sabres de luz em "Guerra nas Estrelas" foi o responsável pela criação das "vozes" de Wall-E e Eva, o par romântico do filme. Mais ainda: a fotografia teve a participação e a consultoria de Roger Deakins, um dos diretores de fotografia mais conceituados no momento em Hollywood. Ele ajudou a imprimir nas imagens os efeitos das câmeras de 70 mms usadas na época das grandes ficções científicas.

Nesse sentido, "Wall-E" fala tanto às crianças quanto aos adultos, indiscriminadamente. Também por isso, no entanto, perde um pouco o foco, o que dá a sensação de que atira para todos os lados e não chega a lugar nenhum. Certamente, não está no nível de "Procurando Nemo" ou de "Ratatouille", para citar duas outras grandes realizações da Pixar. Mas ainda assim tem a qualidade de ser apropriadamente didático, tanto do ponto de vista cinematográfico quanto do ecológico.

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