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Ficha completa do filme

Aventura

Uma Aventura na África (1951)

Resenha por Márcio Ferrari

Márcio Ferrari

Da redação 21/05/2010
Nota 5
Uma Aventura na África

Embora tenha dado o Oscar de melhor ator a Humphrey Bogart, esteja incluído entre os filmes com recomendação especial de preservação na biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e conste dos 250 títulos mais bem votados do site IMDB, ''Uma Aventura na África'' só sai em DVD agora (em 2010), pela primeira vez.

O atraso é razoavelmente compensado por um excelente documentário de cerca de uma hora sobre o filme. O título, ''Abraçando o Caos'', refere-se à aventura real que foi rodar mais da metade das cenas em locações na selva africana, quando isso ainda era absolutamente incomum.

O documentário abre com uma declaração de seu produtor, o cineasta Nicholas Meyer, comparando filmes a suflês: ''Ou eles levantam ou não, e as pessoas não são capazes de prever por quê.'' De fato, o que acontece na tela entre Bogart e Katharine Hepburn, os únicos atores em cena durante a maior parte de ''Uma Aventura na África'', só pode ser descrito com clichês um pouco sobrenaturais como ''química'', ''mágica'' ou ''encanto''.

Ele interpreta Charlie Allnut, um canadense beberrão que conduz um cargueiro a vapor por um rio no leste da África. Ela é Rose Sawyer, uma missionária inglesa, que vive com o irmão (Robert Morley), pastor protestante, numa aldeia no meio da selva. O ano é 1914. A Primeira Guerra Mundial acaba de começar e soldados da Alemanha, que controlam politicamente a região, punem os adversários ingleses incendiando a missão religiosa. O irmão de Rose enlouquece e morre, e resta a ela voltar para casa. O barqueiro fará esse trabalho.

Imbuída de fervor patriótico, Rose propõe a Charlie transformar o barco, que transporta explosivos, num torpedo que atacará um navio alemão estacionado no lago onde o rio desemboca. Por maluca que seja a ideia, ela o convence. Como também o convence (um pouco a força) a deixar seus hábitos alcoólicos e encarar a vida de maneira menos cínica. Já ele ensina a ela algumas coisas sobre a vida mundana. Apesar do conhecido pessimismo do diretor John Huston, a retidão moral de Rose não é abordada com ironia, apenas com ceticismo. Na sequência inicial, o esforço de catequização dos nativos é mostrado comicamente em todo o seu equívoco.

É com muito humor também que os dois atores, já bem maduros, compõem seus personagens. A rigor, o filme não precisaria ter sido rodado em locações (não há, por exemplo, planos muito abertos da selva ou do rio), a não ser, como é explicado no extra do DVD, o gosto pela adversidade cultivado por John Huston e os apuros políticos que ele e os protagonistas estavam sofrendo em casa nas mãos do senador Joseph McCarthy. No entanto, dificilmente a relação entre a missionária e o barqueiro pareceria tão viva se os próprios atores e a equipe não tivessem experimentado o prazer do contato com a natureza selvagem e as marcas do sol, dos insetos e das chuvas diárias durante as filmagens. Saltam da tela a tensão sexual e a necessidade de abrigo dos dois personagens.

O DVD inclui nos extras making of e trailers, e tem legendas em espanhol, francês, inglês e português.

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