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Ficha completa do filme

Drama

Wanda (1970)

Resenha por Edilson Saçashima

Edilson Saçashima

Da redação 10/09/2010
Nota 1
Wanda

''Wanda'' é o único trabalho como diretora de Barbara Loden, atriz que participou de ?Clamor do Sexo?, de Elia Kazan, com quem também foi casada. A biografia de Loden poderia fazer sombra ao filme, mas ''Wanda'' se impôs e se tornou uma espécie de cult no circuito alternativo e entre a crítica.

Parte da admiração que ''Wanda'' desperta está no seu rigor estilístico, que bebe no documentário conhecido como ''cinema verité''. O filme de 1970 também demonstra sua força por ser um dos principais representantes da produção independente norte-americana. Escrita, produzida, dirigida e estrelada por Loden, esta obra foge dos padrões hollywoodianos da época e conquistou o Prêmio da Crítica Internacional no Festival de Veneza, em 1970.

Em sua essência, ''Wanda'' é um road movie que acompanha a trajetória errática da personagem-título até seu envolvimento com um criminoso. De modo geral, os road movies revelam uma imagem romantizada sobre a liberdade em relação a certos padrões de comportamento. Não é o caso de ''Wanda''.

O percurso da personagem de Loden é repleto de desilusão e frustração. A vida errante de Wanda revela menos um desejo por liberdade do que a incapacidade de firmar laços sociais ou afetivos. Wanda é relegada a uma vida marginal pela condição social que lhe é imposta.

O resultado é a imagem de uma mulher que não encontra um porto seguro na sociedade em que vive. O recado é quase um tapa na cara de um mundo em transformação que vivia o auge dos ideais libertários e prometia uma relação entre os sexos mais igualitária.

Síntese dessa mensagem é a opção de Wanda em permanecer com o bandido interpretado por Michael Higgins, apesar dele maltratá-la constantemente. Em meio ao vazio existencial da personagem-título, parece melhor estreitar laços com alguém, mesmo que essa relação seja de submissão quase sadomasoquista.

A relação dos protagonistas do filme também valeu comparações com Bonnie e Clyde de ?Uma Rajada de Balas?, de Arthur Penn. Não que os dois filmes sejam semelhantes. Ao contrário. ''Wanda'' serve como o exato contraponto ao banditismo romântico do filme de Penn.

Loden morreu em 1980, aos 48 anos de idade. Sua carreira discreta como atriz fez com que ela ficasse mais conhecida como a mulher de Elia Kazan e por ''Wanda''. Em algumas citações ao filme de Loden, Kazan chamava ''Wanda'' como um trabalho ?interessante?, mas que ele mesmo não se interessaria em filmar. Uma crítica apaixonada do ''Cahiers du Cinema'', que integra os extras do DVD da Lume Filmes, contradiz o desdém de Kazan em relação ao filme.

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