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Ficha completa do filme

Ação,Drama

Assassinos de Elite (1975)

Resenha por Márcio Ferrari

Márcio Ferrari

Da redação 27/08/2010
Nota 1
Assassinos de Elite

Um cinismo típico dos anos pós-Watergate move a trama de "Assassinos de Elite", e Sam Peckinpah, o diretor, encarnava bem esse espírito na época. Ele vivia seus piores dias, no auge da dependência química, depois de se desentender repetidamente com os produtores da maioria de seus filmes. Segundo a crítica Pauline Kael, Peckinpah fez "Assassinos de Elite' para provar que ainda estava vivo. E, apesar da irregularidade do todo, não há dúvida de que o estilo vigoroso de Peckinpah esteja estampado em grande parte do filme.

A história é de traição e vingança, com James Caan e Robert Duvall como dois amigos contratados por uma empresa especializada em prestar serviço sujo para vários clientes, entre eles a CIA. Quando estão encarregados de um serviço de escolta, Hansen (Duvall) revela que passou para o outro lado e dá dois tiros em Mike Locken (James Caan), querendo e não querendo matar.

Locken sobrevive, mas corre o risco de ficar inválido e impedido de retomar o trabalho. Com muito esforço, recupera os movimentos, mas precisa usar uma bengala que, num toque típico de Peckinpah, passa a ser sua arma auxiliar. Voltando à ativa, ele aceita proteger um dissidente chinês da ameaça de um grupo terrorista japonês, pelo motivo principal de que será uma chance de acertar contas com Hansen, que agora assessora o inimigo.

A trama política faz sentido na falta de sentido, mas isso o espectador só vai descobrir no fim do filme, não sem antes ter de aguentar um pouco de blablabla. O que importa mesmo a Peckinpah é a relação entre os dois amigos, observada do ponto de vista do traído, decepcionado e solitário Locken: seu antagonista aparece apenas no começo e perto do fim história. Enquanto isso, ele passa por um penoso processo de recuperação (e namora a enfermeira), retratado com minúcia documental pelo diretor.

A segunda metade do filme dá oportunidade a que entrem em cena os então modernos fuzis AK-57 e metralhadoras Uzi e, num pretendido contraste, as artes marciais chinesas, que eram a novidade mais quente do cinema de ação dois anos depois do lançamento de "Operação Dragão", com Bruce Lee.

"Assassinos de Elite" tem algumas sequências muito boas (como a mencionada recuperação de Locken, o desarme da bomba embaixo do carro, a aproximação do píer onde se dará o confronto final e o ataque no aeroporto), embora seja longo demais e tenha um andamento demorado. Mas é um filho legítimo de Peckinpah e decididamente diz a que vem.

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