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Ficha completa do filme

Drama

Reds (1981)

Resenha por Sérgio Alpendre

Sérgio Alpendre

Da redação 23/07/2010
Nota 1
Reds

Quando um filme tem duração muito longa, geralmente é porque devia ser ainda maior, mas as obrigações comerciais não permitiram. É o que acontece com inúmeros filmes americanos, e "Reds" é mais um deles.

Lançado em 1981 e dirigido por Warren Beatty (que também faz o papel principal, do jornalista John Reed), em alguns momentos se assemelha a um trailer de luxo, como o espectador atento percebe especialmente em sua primeira meia hora.

Essa característica, consequência do gigantesco montante de material filmado (com inúmeras repetições de takes, para desespero dos atores), é o ponto mais frágil de um filme que, por sua duração, já se anuncia como uma obra extremamente vulnerável, apesar da óbvia reputação "autoral".

Essa reputação lhe valeu 12 indicações ao Oscar, inclusive para todos os prêmios relativos aos atores (seria a última vez que um filme alcançava esse feito), e três estatuetas: para o diretor Beatty, para o diretor de fotografia Vittorio Storaro e para Maureen Stapleton, como atriz coadjuvante.

De certa forma, com essa grandiosidade, doze indicações e apenas três prêmios não deixa de ser um fracasso artístico, num país onde o Oscar vale quase tudo. Somando-se ao fracasso de público, "Reds" afastou Beatty da direção por algum tempo. Ele voltaria com "Dick Tracy", em 1990.

O começo montado apressadamente é responsável também pela dificuldade em comprarmos Beatty e Keaton como dois comunistas ferrenhos e, de certa forma, aventureiros idealistas. Quando finalmente eles nos convencem, o filme já entra na terceira hora, e seu final começa a se delinear.

Contudo, não é fácil derrubar esse mastodonte. Qualquer filme que tenha um elenco desses não pode ser descartado como algo menor, muito menos como algo desnecessário. Além de Beatty como Reed e de Diane Keaton como Louise Bryant, sua grande parceira, ainda temos Jack Nicholson como Eugene O'Neill, a já mencionada Maurren Stapleton como Emma Goldman, mais Gene Hackman e Paul Sorvino comandando uma legião de coadjuvantes menores, mas com muitos serviços prestados ao cinema.

Além desse fator importante que é o elenco intimidador, o filme cresce consideravelmente conforme o envolvimento entre John e Louise vai ganhando contornos (e o flerte entre Louise e Eugene, pouco antes da metade do filme, chega às vias físicas).

A crise amorosa que vive o casal principal permanece até a ida para a Rússia, no acompanhamento da Revolução de 1917, quando ambos entrevistavam bolcheviques e mencheviques à procura de um fio narrativo. Justamente nessa hora o filme adquire um tom mais jornalístico, mas não desprovido de interesse.

Na volta aos Estados Unidos, acompanhamos as tentativas infrutíferas de levar um pouco do espírito bolchevique para o outro lado do Atlântico. Até que John, o mais apaixonado e inconsequente, resolve voltar para a Rússia.

O que acontece a seguir adiciona um pouco mais de drama à equação, e convém não contar aqui. Mas é necessário dizer que o desfecho se assemelha muito a um quadro intimista, e parece um ET dentro da filmografia de Hollywood.

Trocando em miúdos, o mastodonte é digno, mas deve ser visto num dia em que as distrações fiquem distantes. Qualquer falha na concentração e você pode se pegar pensando no que vai fazer no dia seguinte, ou dali a algumas horas.

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