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Ficha completa do filme

Documentário

Gatos Empoleirados (2004)

Resenha por Edilson Saçashima

Edilson Saçashima

Da redação 03/03/2011
Nota 4
Gatos Empoleirados

O lançamento em DVD de ''Gatos Empoleirados'' é mais uma oportunidade de se ter contato com o documentário pouco convencional de Chris Marker.

O recluso cineasta francês é conhecido pelos clássicos ''Sans Soleil'' (1983) e ''La Jetée'', trabalho de 1962 que ficou marcado por ser o filme que inspirou ''Os 12 Macacos'', de Terry Gilliam. ''Sans Soleil'' e ''La Jetée'' são considerados as obras-primas de Marker e foram lançados em DVD no Brasil.

''Gatos Empoleirados'' não figura entre os trabalhos mais marcantes de Marker, mas serve como introdução a um tipo de documentário que foge da tradicional ''apreensão do real''.

O cinema documental de Marker mistura ensaio, memória e experimentação. Em ''Gatos Empoleirados'', essa confluência de sentidos se faz notar. O filme começa como uma inquietação de Marker em torno da presença de imagens de um gato amarelo sorridente pintado nos muros e paredes de Paris após os atentados de 11 de setembro de 2001.

Aos poucos, o cineasta se volta às eleições presidenciais francesas de 2002, que levou o nacionalista de extrema-direita Le Pen ao segundo turno com Jacques Chirac. O fato, longe de ser capturado com uma pseudo-isenção, é visto com um olhar irônico por Marker.

Ironia que também estará presente na apreensão de manifestações de imigrantes ilegais, de protestos contra a gurra do Iraque ou a favor do Tibete. No fim, o que fica é uma espécie de ''colcha de retalhos'' que forma um painel dos fatos políticos de uma época.

Marker propõe lançar um olhar sobre os fatos sem uma direção pré-definida ou estabelecida. É aí que a metáfora com os gatos de rua parece se estabelecer. Esses animais observam tudo sem jamais se fixar em um ponto, sem se estabelecer em um local.

O DVD da Videofilmes ainda traz quatro curtas como material extra. Em comum entre eles a presença de animais como tema central dos filmes.

''Zoo Piece'' (1990), ''Bullfight in Okinawa'' (1994) e ''Slon Tango'' (1993) soam como meros registros com alguns toques de exercício formal. ''Viva a Baleia'' (1972) apresenta maior elaboração. Ele começa como um documentário tradicional, em que uma narração expositiva e uma fala subjetiva se intercalam para contar a história da caça às baleias. Aos poucos, o tom se modifica para um viés mais poético para, enfim, encerrar como uma espécie de denúncia contra a caça a esses animais.

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