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Ficha completa do filme

Comédia

Dot.com (2007)

Resenha por Edilson Saçashima

Edilson Saçashima

Da redação 22/02/2010
Nota 1

Uma minúscula aldeia portuguesa chamada Águas Altas atrai os olhos do mundo quando se envolve em uma disputa jurídica pela posse de seu nome com uma empresa multinacional. Com esse ponto de partida, o filme português "dot.com" discute o processo de globalização da sociedade moderna, mas de uma forma ligeira que mistura comédia de costumes e de erros.

O alvo da disputa entre os moradores do vilarejo e a gigante dos negócios é o domínio na internet do endereço "aguasaltas.com". A aldeia usa o endereço como um espaço virtual para discutir a construção de uma estrada que irá trazer progresso e turismo e permitirá que Águas Altas seja conhecida. Mas Águas Altas também é o nome de um produto, e a fabricante quer o endereço para divulgá-lo e ameaça processar a vila caso não lhe seja concedido o domínio.

Com a confusão jurídica, aos poucos vão surgindo situações que mostram o conflito entre o mundo moderno e a sociedade pré-globalização. Uma das gags que mostram essa tensão é a mudança de hábito de compra de uma idosa, que troca o armazém da vila pela compra pela internet.

Vale também notar a própria dona do armazém, uma mulher fofoqueira que vive de fuxicos. Não é preciso muito esforço para ver nela o estereótipo de um certo tipo de personagem de cidade pequena, interiorana e rústica, um retrato, enfim, de um mundo pré-moderno em contraposição à modernidade das grandes metrópoles.

Nesse sentido, vale reparar na bandeira do Brasil colocada estrategicamente próxima a um computador. Ela não está ali como uma referência ao país, mas para lembrar que o assunto do filme é justamente sobre "ordem e progresso" ou a sua ausência. Com a referência à bandeira brasileira, "dot.com" faz uma crítica irônica sobre a condição da vila, um misto de "confusão e atraso".

?Dot.com? ainda brinca com a rivalidade entre Portugal e Espanha, ao colocar a aldeia portuguesa em oposição à multinacional espanhola.

Essas boas sacadas dão sabor ao filme do diretor Luís Galvão Teles e conseguem mascarar a fragilidade da história que envolve os protagonistas.

Em um determinado momento, o filme tropeça ao tentar inserir um drama romântico centrado no protagonista, o engenheiro Pedro (João Tempera). É como se o cineasta buscasse um grande final feliz para todos. No fim, Águas Altas fica com sabor de "água-com-açúçar".

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