Drama

O Signo da Cidade (2007)

Edilson Saçashima

Da redação 27/11/2009

Nota 1

MAIS

A imagem de um mosaico é a melhor metáfora para compreender ''O Signo da Cidade'', filme dirigido por Carlos Alberto Riccelli que ganha versão para DVD pela Europa Filmes. De perto, ele é uma reunião de fragmentos de histórias de vidas de habitantes de uma cidade. Reunidos e vistos à distância, essa união de cacos forma a imagem de uma metrópole.

Em um primeiro momento, é difícil notar alguma relação entre as diversas histórias que vão surgindo na tela. Temos a astróloga Teca (Bruna Lombardi) que dá conselhos a ouvintes de seu programa de rádio, um homem (Juca de Oliveira) em um hospital, um casal de jovens homossexuais, um novo vizinho (Malvino Salvador) que atrai a atenção da astróloga, um ladrão que assalta um casal e tantas outras situações que não passam de pequenos casos aparentemente isolados.

No entanto, aos poucos, os personagens vão se conectando uns aos outros e formando uma rede de relações. É essa ligação entre as pessoas que compõe uma cidade na visão de Riccelli. Para o cineasta, mais conhecido por sua carreira como ator na televisão e no cinema nos anos 80, a metrópole é uma rede de solidariedade entre os habitantes.

Duas frases ditas por personagens do filme resumem essa visão: ''todo mundo precisa de todo mundo'' e ''um gesto mesmo anônimo faz uma enorme diferença''. Não precisaria tanto. Vale notar como o diretor constrói os espaços de sua metrópole. Riccelli contrapõe ambientes impessoais e de ''passagem'', como as ruas e um hotel, onde predomina seres angustiados e carregados de incertezas, com os lares dos personagens, identificados como o lugar privilegiado da afetividade e da intimidade. Aqui vale citar mais uma frase do filme: ''ninguém está sozinho''.

Essa mensagem de solidariedade é construída com sensibilidade e leveza, o que faz com que passe despercebido o seu teor conservador. A trajetória de um ladrão do crime à tentativa de redenção é o melhor exemplo desse discurso.

Nesse sentido, vale especular sobre a escolha de uma astróloga como protagonista de ''O Signo da Cidade'' que serve como uma espécie de ponto de intersecção de todas as histórias. Ela seria a personagem que não só conectaria as pessoas entre si, mas também seria o elemento de ligação entre elas e o céu. As sugestões são muitas. Uma das possibilidades é ver Teca como o elo entre a vida mundana e a mística ou sagrada. Mas cabe ao espectador tentar enxergar qual desenho se forma da união desses fragmentos.