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Ficha completa do filme

Drama,Romance

Amantes (2008)

Resenha por Sérgio Alpendre

Sérgio Alpendre

Da redação 11/03/2010
Nota 5

''Amantes'' foi saudado quase unanimemente como um grande filme, o que é raro na carreira de James Gray. Desde ''Little Odessa'', filme sobre imigrantes russos, até ''Os Donos da Noite'', passando pelo injustamente ignorado ''Caminho Sem Volta'', o diretor têm construido uma das obras mais sólidas do cinema americano, mas não são muitos os que chamaram a atenção para este fato.

Seu cinema permeia as relações familiares, geralmente conflituosas, e centra-se em personagens problemáticos. "Amantes" não foge à regra, e é ajudado por uma performance sobrenatural de Joaquin Phoenix como o jovem que já teve problemas com drogas (o que o filme não deixa explícito), e anos depois tenta o suicídio após ser abandonado pela namorada. Acompanhamos os dias após essa tentativa frustrada, sua volta para casa, molhado por ter quase se afogado, sua impaciência com tanto carinho que brota dos seus, entre eles a mãe interpretada com doçura inigualável por Isabella Rossellini.

Em seu caminho para a reconstrução da auto-estima estão duas mulheres. Uma, problemática como ele, responde pela pulsão aventureira, pela inconsequência à qual ele se apega para seguir vivendo sem enfrentar seus dilemas, sobretudo a relação muito forte com os familiares e o senso de responsabilidade em ajudar o pai nos negócios. Essa mulher é interpretada por Gwyneth Paltrow, que parece a encarnação da perdição emocional, como ele. Outra é apegada à família, compreensiva, parece disposta a ser a segunda mãe de que ele tanto parece precisar. É favorecida por um brilhante desempenho de Vinessa Shaw (de ''Os Indomáveis'').

Nesse pêndulo de emoções, parece mais instigante seguir a perdida, sentir-se apaixonado por ela. É o mais fácil, o caminho menos pedregoso, pois permitirá que ele lide com suas inseguranças de melhor maneira, afinal, acompanha uma desmiolada.

O movimento mais interessante do filme é a prisão em torno do seio familiar, que ao mesmo tempo que o deixa sem saída por um aspecto (como sair dessa predeterminação das coisas?), permite, aos poucos, que ele perceba um conforto vindo dessa direção que será fundamental para sua sobrevivência num mundo onde os sensíveis têm menos espaço.

A sequência final, um primor de olhares e resignação, ajuda a fortalecer a narrativa, permeada de silêncios e quase explosões, para no final se encontrar no melhor dos mundos, na calmaria daqueles que amam incondicionalmente, e daqueles que estão preparados para cuidar, compreender e ouvir, acima de outros quereres.

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