Jogo Sujo (2008)

Edilson Saçashima

Da redação 27/10/2009

Nota 3

"Jogo Sujo", de Paul Holahan, que a Califórnia Filmes lança em DVD, está naquela categoria de filmes em que a trama se desenvolve em uma espiral crescente de violência como em "Sob o Domínio do Medo", de Sam Peckinpah, e "Funny Game", de Michael Haneke.

Como esses filmes, "Jogo Sujo" explora a violência até o limite do suportável. Mas não se trata apenas da violência física que está em questão aqui. O filme trata de agredir também os valores morais.

O ponto de partida dá uma ideia do que está por vir. Um casal que pratica pequenos roubos e tem uma vida errante descobre que terá um bebê. Em busca de dinheiro, a dupla irá negociar a venda da criança que está para nascer a um casal rico. Aos poucos irá se revelar a obsessão quase doentia da compradora para ter um filho e o desacordo de seu marido em relação ao negócio. Tudo isso é contado em flashback pela protagonista Dina Louise ao motorista com quem ela pega carona.

O negócio estava para ser fechado quando os dois casais decidem fazer um jogo. Uma trapaça na brincadeira detona o primeiro sinal de desconfiança. A partir de então a violência irá apenas aumentar.

No final, a impressão que fica é de que os personagens são destituídos de valores morais e não possuem vínculos afetivos reais entre si. Eles soam repulsivos, com uma precária exceção para a protagonista Dina Louise, que é a única que deixa vislumbrar uma certa dúvida moral entre fazer o negócio e manter o filho consigo.

Os atores pouco carismáticos, no entanto, não conseguem dar a densidade exigida pelos papéis. Some-se a isso um roteiro que peca pelo uso de artifícios pouco verossímeis, como o pretexto do jogo para detonar a violência no filme.

O impacto da sequência final consegue dar algum fôlego ao tom pessimista de "Jogo Sujo" e dá uma leve consistência à metáfora da estrada como o percurso da vida, que é preciso ser vivida apesar dos pesares. É pouco para o que o filme parecia prometer.