UOL Entretenimento Cinema
 

Ficha completa do filme

Documentário

Caro Francis (2009)

Resenha por Márcio Ferrari

Márcio Ferrari

Da redação 01/10/2010
Nota 2

Treze anos depois de sua morte, Paulo Francis corre o risco de ser lembrado apenas pelo personagem cômico que criou ao se tornar comentarista de TV. Se depender deste documentário, o destino está selado. Nas mãos de um diretor afeito ao grotesco e louco por uma gracinha (Nelson Hoineff, o mesmo de "Alô, Alô, Terezinha"), o personagem, já oco, é apenas inflado ainda mais. Hoineff o homenageia com edição e estética de telejornal, e ele canta, xinga, ofende, faz imitações, provoca risos nos colegas. Nada além do mito.

O diretor era amigo de Paulo Francis, assim como a maioria dos entrevistados (uma multidão). As leviandades, os preconceitos, os comentários racistas e sexistas do jornalista estão presentes, assim como os desafetos (bem poucos), mas tudo se organiza de modo a enaltecer o Francis velho de guerra. Até um saco de pancadas preferencial, o político Gustavo Krause, saúda sua "importância" por destoar da "vulgata marxista".

A montagem é feita em blocos de assunto. Começa pela virada ideológica de Francis e chega a sua morte por falência cardíaca quando estava ameaçado de pagar uma multa milionária por calúnia. Essa narrativa de final patético é pontuada por retratos em branco e preto acompanhados de música, primeiro a "Rhapsody in Blue" de Gershwin, depois trechos de Wagner que invocam uma grandiloquencia constrangedora para material tão comezinho.

O problema não é (ou não só) que o filme seja desagradável. É que não dá para entender por que existe.

Compartilhe:

    Siga UOL Cinema

    Sites e Revistas

    Arquivo