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Ficha completa do filme

Baseado em fatos reais,Drama

Lula, o Filho do Brasil (2009)

Resenha por Márcio Ferrari

Márcio Ferrari

Da redação 30/04/2010
Nota 3

A cinebiografia do presidente Lula chega ao DVD acompanhada de curiosidade sobre seu desempenho comercial, depois da decepção que foi seu lançamento nas salas de cinema.
A outra questão insistente que acompanhou a estreia, se o filme é ou não propaganda eleitoral, fica ainda mais chocha do que naquele momento, já que o público não se entusiasmou muito. Agora que a campanha presidencial começou para valer, parece ainda mais discutível que a candidata Dilma Rousseff possa (ou pudesse) se beneficiar de um filme exclusivamente centrado na figura de Lula.

Na cena em que o personagem manifesta dúvidas sobre entrar para o sindicalismo, um veterano lhe diz: ''É justamente o que está faltando: alguém diferente, que pense diferentemente''. Não soa como boas-vindas à candidata. É evidente que os produtores tentaram, oportunisticamente, se beneficiar da popularidade do presidente, muito mais do que o contrário.

O filme é muito fácil de ver e involuntariamente nos convida a não prestar muita atenção no que se passa, um testemunho de seu forte traço de irrelevância. Mesmo apresentando no título a palavra ''filho'', que os produtores brasileiros parecem encarar como uma espécie de talismã, e tendo no papel da mãe de Lula uma atriz de presença forte como Glória Pires, o filme, ao contrário do que se dizia na época da estreia, é centrado realmente na trajetória de Lula (interpretado pelo estreante Rui Ricardo Dias) e não em dona Lindu. A presença dessa mãe valente serve mais para enaltecer o compromisso do futuro presidente com os valores da família.

O outro aspecto definidor do personagem é a moderação, uma característica enfatizada em sua carreira sindical. De resto, as cenas que mostram como se deu a ascensão a líder trabalhista resultaram as piores do filme. Os conflitos com o sindicalismo pelego são difíceis de entender, antes de mais nada porque nessas cenas a emissão de voz dos atores é particularmente ruim e o som direto também.

O mesmo não acontece com os momentos de drama pessoal vividos por Lula (sobretudo a perda da casa na infância e a morte da primeira mulher), que são, naturalmente, muito fáceis de assimilar. Nesses momentos, o futuro presidente se comporta como um homem muito razoável, bondoso, discreto e bem apagado.

De qualquer forma, pela fluência, este é o melhor filme do diretor Fábio Barreto (que sofreu um grave acidente de carro duas semanas antes do lançamento e continua em coma). Tem uma sequência bastante boa, em que Lula fala a um estádio lotado de operários sem microfone, e o que ele diz é propagado pelas primeiras filas até chegar aos que estão no fundo.

A razão de ser dramática e estratégica de ''Lula, o Filho do Brasil'', no entanto, continua um pouco misteriosa: ou é uma peça de propaganda com oito anos de atraso ou uma primeira tentativa tosca de começar a traçar a biografia do presidente Lula para a história oficial.

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