UOL Entretenimento Cinema
 

Ficha completa do filme

Fantasia,Aventura

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 (2010)

Resenha por Matheus Bourg

Matheus Bourg

Da redação 13/05/2011
Nota 4

Valeu a pena esperar? Impossível dizer assim, de início. "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1" é, como o próprio título sugere, apenas um aperitivo diante do que promete ser o grande final da saga iniciada em 1997 pela inglesa J.K. Rowling. As expectativas são altas - especialmente as que partem de um público que cresceu acompanhando a série, seja nos livros ou nas telonas. O diretor David Yates, presente desde "A Ordem da Fênix" (quinto filme da saga), parece saber disso.

"Relíquias" não perde tempo e parte do ponto em que "O Enigma do Príncipe" (2009) parou, colocando Harry, Rony e Hermione à solta em busca das horcruxes, os únicos elementos capazes de destruir a alma de Lorde Voldemort de uma vez por todas. Pode até parecer apenas mais um capítulo da luta entre o bem e o mau, mas não se engane: lembra daquela história de que o filme seria o mais sombrio de todos? Em alguns aspectos, não seria um equívoco encaixá-lo no gênero do terror. Aos mais novos, fica o alerta.

Essa atmosfera sombria se deve, em partes, ao corte de elementos que, até então, caracterizavam e davam segurança à saga, como é o caso da escola de Hogwarts. Privando os personagens - e, automaticamente, o espectador - destes elementos familiares, Yates conseguiu montar um longa ainda mais obscuro que "O Prisioneiro de Azkaban", filmado por Alfonso Cuarón e considerado até hoje como o momento em que a franquia pulou do tom infantil para um argumento mais sério.

Para a indústria cinematográfica, "Relíquias" mostra os prós e contras da divisão do filme em duas partes, algo que não havia acontecido até então com a série. De "A Pedra Filosofal" (2001) a "O Enigma do Príncipe", cada livro foi representado nas telonas com apenas uma adaptação. Isso acontecia independentemente de aspectos como número de páginas (o sétimo volume é menor que o quinto, por exemplo) ou complexidade do arco principal da história.

O resultado é um filme que deixa pouca coisa de fora, mas que acaba se perdendo em algumas sequências. Se a primeira metade do filme é recheada de caos e ação - com destaque para a fuga da Rua dos Alfeneiros, que em questão de segundos se transforma em uma perseguição a bordo da motocicleta voadora de Hagrid -, a quebra de ritmo se torna evidente a partir do momento em que Harry e a dupla de amigos passa a percorrer paisagens bucólicas da Inglaterra em busca das horcruxes, quando o filme parece então se arrastar na tela.

A recompensa vem depois, sobretudo com a incrível animação responsável por narrar o conto dos Três Irmãos, presente no livro-dentro-do-livro "Os Contos de Beedle, o Bardo". Outra sequência traz Harry, Ron e Hermione em uma operação para invadir o Ministério da Magia, o que garante bons minutos na ponta do sofá.

Enquanto o começo de um fim, "Parte 1" prepara sem muitos erros o cenário para a conclusão da saga criada por Rowling. E no que depender dos extras, a edição dupla do DVD lançado por aqui promete deixar as expectativas ainda mais altas: mesmo com todo o material extenso que já é comum para os lançamentos da série - como, por exemplo, os mais de dez minutos de cenas excluídas, que trazem inclusive uma sequência especial entre Harry e sua tia, Petúnia (se você é fã, não deixe de ver) -, o destaque fica por conta do making-of "Os Sete Harrys", que desconstrói a curiosa cena em que Harry é resgatado da casa de seus tios.

O depoimento de um produtor - que é categórico ao afirmar que a tecnologia necessária para gravar a cena não existia cinco anos atrás, por exemplo - mostra apenas que "Harry Potter" deixou de ser um produto infantil faz tempo. No que depender da degustação, a espera tem tudo para valer a pena.

Compartilhe:

    Siga UOL Cinema

    Sites e Revistas

    Arquivo