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Ficha completa do filme

Ação,Drama,Suspense

Zona Verde (2010)

Resenha por Márcio Ferrari

Márcio Ferrari

Da redação 03/09/2010
Nota 1

Como se sabe, a guerra do Iraque e o presidente George W. Bush começaram a perder popularidade (até chegar à desmoralização) quando ficou claro para os americanos que as ''armas de destruição de massa'' usadas como pretexto para a invasão do país de Saddam Hussein na verdade não existiam.

É esse o assunto principal de ''Zona Verde'', que se passa pouco depois do início da intervenção militar, em 2003. É um tema um pouco antigo, mas, salvo engano, nunca tinha sido ficcionalizado numa grande produção americana. Como tal, o filme pretende tratar de assunto sério com o formato de ação pauleira consagrado pela parceria entre o ator Matt Damon e o diretor Paul Greengrass em ''A Supremacia Bourne'' e ''O Ultimato Bourne''.

Damon faz o papel de um oficial de médio escalão, Roy Miller, que começa a desconfiar que há algo de errado depois de comandar mais de uma operação de destruição de arsenais de armas que não existem. Seus questionamentos sobre a confiabilidade dos relatórios de inteligência são ignorados pelos superiores, em especial Poundstone, um alto funcionário do Pentágono (Greg Kinnear). O oponente de Poundstone é Martin Brown (Brian Gleeson), um veterano da CIA cujo conhecimento geopolítico permite que ele preveja banhos de sangue e paralisia política no Iraque. Miller mais tarde também fará contato com uma jornalista americana em Bagdá (Amy Ryan), que não percebe que está sendo manipulada (personagem inspirada na jornalista Judith Miller, do ''New York Times'').

Com esses personagens, ''Zona Verde'' esquematiza os lados principais do conflito político entre os americanos. Um informante voluntário iraquiano, ''Freddy'' (Khalid Abdallah), representa o amigo local, desejoso de democracia, e Al Rawi (Yigal Naor) é o político mafioso pró-Saddam. Finalmente, há o militar linha-dura e truculento (Jason Isaacs), inimigo direto de Miller.

Numa cena, Miller é instado a cumprir o dever, livrar-se logo do que tem que fazer e não perguntar as razões. Mas ele quer deixar claro que as razões da guerra fazem diferença. Todo o filme tem um tom crítico e ?de esquerda? (para os padrões americanos): além de condenar a mentira que justificou a guerra, denuncia a tortura de iraquianos e questiona o próprio princípio de intervenção pró-democracia. ''Não cabe a você decidir o que acontece aqui'', diz ''Freddy'' para o atônito Miller, num dos discursos que o ?bom iraquiano? é obrigado a fazer durante o filme (ainda bem que o ator é ótimo).

O roteiro de ''Zona Verde'' se inspira num livro-reportagem escrito por Rajiv Chandrasekaran, chefe do escritório do ''Washington Post'' em Bagdá. Para reforçar a aparência de veracidade documental, o inglês Greengrass retoma sua câmera frenética e seu gosto pelo corre-corre. No entanto, é cada vez mais evidente que esses recursos de estilo servem para jogar poeira nos olhos, passar por cima dos conectivos, criar uma disposição para a histeria. Greengrass (que também fez ''Voo United 93'', sobre o avião que caiu antes de atingir o alvo no 11 de setembro) corre o risco de se tornar uma espécie de Michael Bay (''Pearl Harbor'') do realismo: não dá para levar a sério, mas é bom entretenimento.

Como extras, o DVD traz o comentário de Greengrass e Damon, cenas excluídas (também comentadas pelos dois), um documentário sobre o ator e outro sobre os bastidores das filmagens.

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