Romance

Entre Lençóis (2008)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 1

MAIS

A ideia do diretor colombiano Gustavo Nieto Roa de rodar versões do mesmo filme em países diferentes e com atores locais (fez isto na Colômbia, no Brasil e deve fazer o mesmo nos Estados Unidos), parece interessante. Eu não assisti ao chileno "Na Cama", de Matías Bize, que parece ter muita semelhança com este projeto.

De qualquer forma, a versão brasileira peca por ter um roteiro incompetente, mal alinhavado e mal desenvolvido, que destroi qualquer possibilidade de ser levado a sério. O que é uma pena, pois a dupla central é bastante esforçada.

Reynaldo Giannechini evoluiu muito como ator e segura perfeitamente um personagem quase impossível. E o faz com toda a segurança, mesmo nas cenas em que deve tirar e botar roupa (nenhuma lógica ou critério para tal). O mesmo se pode dizer de Paola Oliveira, que eu mal conhecia, mas que resulta encantadora e incólume.

Já a trilha musical brega e a fotografia granulada e pavorosa são indesculpáveis em qualquer circunstância. Aliás, o filme foi todo feito em um famoso motel carioca, o VIP, que não possui recursos cênicos (espelho ruim, a piscina ficou "fake", a sauna idem), o que aprisiona ainda mais os personagens, além de não contribuir em nada com a beleza das imagens (sobram poucas, é verdade). Rodar em estúdio teria sido melhor.

Tecnicamente o filme é tão deficiente que uma única cena num terraço ao amanhecer parece ainda mais constrangedora. Diante da feiura estética da fotografia, não há como se envolver com o possível erotismo da relação, chupada de dezenas de filmes, começando com "John & Mary": casal que se conhece numa discoteca, vai transar em um motel e tem pelo menos cinco transas (ufa!), todas meio semelhantes. Até quando cismam de que se apaixonaram apesar de ambos serem comprometidos (ela vai casar no dia seguinte, ele está se separando da esposa). Só que o roteiro é tão pífio que o filme só é suportável como exercício de voyeurismo.