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Ficha completa do filme

Ficção Científica

Fahrenheit 451 (1966)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 2
Fahrenheit 451

"Fahrenheit 451", adaptação do livro homônimo do norte-americano Ray Bradbury, foi o único filme em inglês dirigido pelo francês François Truffaut (1932-84) e o primeiro dele em cores.

O filme foi uma produção independente com capital americano, de orçamento modesto, do qual Truffaut, que não dominava o inglês, mas já tinha renome internacional, era diretor contratado. Mas o que seria um projeto simples acabou se arrastando por anos devido às inseguranças do diretor, devido ao roteiro e a dificuldades com o elenco (Paul Newman e Terence Stamp chegaram a aceitar o papel principal e vários outros foram cogitados).

Além disso, o austríaco Oskar Werner (de "Jules et Jim"), finalmente escolhido como ator principal, fez o diretor passar por maus bocados em uma relação conturbada e hostil que resultou em uma atuação fria e impassível _e um erro de continuidade na seqüência final, em que Werner cortou os cabelos em plena filmagem só para aborrecer Truffaut.

Com tantos percalços, não é à toa que o filme tenha ficado abaixo da expectativa e da bela prosa poética de Bradbury, que mostra um futuro em que os livros são considerados maléficos e proibidos, substituídos por apáticos programas de TV e jornais que trazem apenas ilustrações.

Os bombeiros são encarregados de localizar os livros e queimá-los (o título se refere à temperatura em que o papel entra em combustão), mas um deles, dos mais competentes e que espera por uma promoção (Werner), acaba incomodado com o vazio de sua vida e se encanta com a magia de alguns títulos que salvou ("por trás de cada um há uma pessoa", diz).

Ele tenta se insurgir contra a situação com a ajuda de uma moça misteriosa (Julie Christie, que faz papel duplo representando também a mulher alienada). A adaptação é bastante fiel ao texto original, Truffaut acertou ao criar um futuro atemporal que não ficou ridículo com o passar dos anos, e há uma excelente trilha do mestre Bernard Herrmann.

Mas o filme é excessivamente distanciado, com diálogos fracos (o diretor gostava mais da dublagem em francês que ele mesmo supervisionou) e atuações pouco inspiradas. Quase um fracasso e está muito distante das obras-primas do diretor.

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