Jogo Subterrâneo (2004)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 2

Era um projeto querido do diretor Gervitz (coisas do Brasil, ele teve que esperar desde 1987, quando estreou com "Feliz Ano Velho", para conseguir realizar novo longa-metragem) adaptar um conto do argentino Julio Cortazar (o mesmo do qual Antonioni tirou "Blow up"), que fazia parte do livro "Octaedro". Também co-assinou o roteiro com Jorge Duran enquanto outro cineasta, Francisco Ramalho Jr fez a produção executiva.

Infelizmente não puderam rodar em Buenos Aires, o que prejudicou muito o resultado. Adaptando as situações para o metrô de São Paulo, muitas liberdades tiveram que ser tomadas (por exemplo, aqui tudo é moderno e músicos não podem se apresentar tocando nos vagões como lá).

E o filme perdeu o ar de tango que deveria ter. Porque só com uma música sofrida e desesperada conseguiria convencer a história de amor entre um pianista e uma fugitiva, que surge vestida de prostituta e no final das contas acaba sendo isso mesmo, depois de ter criado um denso mistério (Maitê Proença está especialmente constrangedora como uma cafetina).

Quem surpreende é Felipe Camargo, que consegue fazer de forma humana a figura de um perdedor nato. Toda a primeira parte tem um visual interessante, até estilizado, personagens estranhos (como Julia Lemmertz que faz uma cega), começa bem com as situações do herói seguindo mulheres diferentes que ele escolhe no metrô, mas o filme derrapa na metade final, principalmente por causa dos excessos de Maria Luisa Mendonça num personagem ruim, em que ela super representa.