UOL Entretenimento Cinema

Ficha completa do filme

Faroeste

Matar ou Morrer (1952)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 5
Matar ou Morrer

Já houve uma versão lançada pela Continental, que não era autorizada. Contam que o papel central teria sido rejeitado por outros astros: Charlton Heston, John Wayne, Marlon Brando, Gregory Peck (recusou porque era parecido demais com "O Matador"). O filme que deu a Gary Cooper (1901-61) seu segundo Oscar (o primeiro foi por "Sargento York", em 1941), numa época em que tinha problemas de carreira (em crise) e de saúde (úlcera no estômago, um velho machucado na bacia que o fazia mancar, dores nas costas). Também separado da esposa e da amante (Patricia Neal).

O personagem ia se chamar Will Koane (mas a mexicana Katy Jurado tinha problemas para dizer esse sobrenome). Foi o segundo filme e a grande chance de estrelato para a jovem (22 anos) Grace Kelly (1928-82) - a diferença de idade entre o casal e a inexperiência da atriz são visíveis. O roteirista Carl Foreman ("Ponte do Rio Kwai", "Os Vencedores") sempre disse que o filme era uma alegoria para o McCarthismo, onde os amigos eram traídos e abandonados por causa de um medo (se todos se unissem, poderiam vencê-lo) que acontecia justamente naquele momento (e por isso, gente como John Wayne, chegou a achar o filme "impatriótico").

Logo depois, Foreman foi chamado a depor e entrou para a Lista Negra, tendo que ir para a Inglaterra onde reconstruiu sua carreira. Também premiado com Oscars de Trilha Musical e Canção ("Do Not Forsake Me, Oh, my Darling", de Dimitri Tiomkin e Ned Washington, cantada por Tex Ritter) e Montagem. Atenção para pontas dos futuros astros Lloyd Bridges (pai de Jeff e Beau) e Lee Van Cleef (que faz um dos pistoleiros e viraria astro de spaghetti-westerns). Em 1980, teve uma continuação feita para a tevê com Lee Majors e uma refilmagem não-oficial, passada no espaço com "Outland - Comando Titânio" ("Outland", 1981, com Sean Connery). Se não foi o primeiro, certamente é o mais famoso de um novo tipo de faroeste, o chamado "western psicológico" onde a história se tornava mais complexa e o bandido podia ter complexos, medo e problemas, deixava de ser mera perseguição de bandidos e mocinhos (ou pele-vermelhas).

Havia predecessores de qualidade, em particular "O Matador" (The Gunfigher, 1950), de Henry King, com Gregory Peck, e o filme que denunciava o linchamento, "Consciências Mortas" (The Ox-Bow Incident, 1943) de William Wellman, com Dana Andrews. Mas foi este que capturou a imaginação do público (talvez por causa da imagem ideal de Copper para o gênero, com seu jeito muito americano, taciturno, de poucas palavras, aparência de honesto).

E que teve grande influência no gênero. É famosa a história de que o filme não funcionava nas previews, até quando chamaram o veterano montador Elmo Williams, que além de deixá-lo com apenas 85 minutos, teve a idéia de inserir freqüentes imagens de um relógio (com os minutos passando até a chegada da hora fatal) e principalmente em editar, no ritmo de uma canção especialmente escrita para o filme, uma espécie de balada "country" (que faria muito sucesso e também provocaria imitações). Isso fez toda a diferença e o filme acabou se tornando uma tensa história de suspense, um homem traído por seus amigos (os mesmos que minutos antes foram festejar seu casamento, agora lhe viram as costas) e que tem que enfrentar sozinho, os três pistoleiros em duelos a pistolas que se tornariam clássicos.

Compartilhe:

    Siga UOL Cinema

    Sites e Revistas

    Arquivo