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O Segredo das Jóias (1950)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 4
O Segredo das Jóias

Grande clássico do filme noir, originalmente da MGM, lançado nos EUA pela Warner, matriz para incontáveis filmes de assalto realizados depois. Na verdade ele pouco se centra no roubo em si, mostrado de forma rápida e desinteressada (e cuja facilidade tira qualquer glamour dos bandidos), e trata mais dos personagens, suas motivações para o crime, os efeitos da ambição e luxúria sobre eles.

Sam Jaffe (1891-1984) é o ladrão veterano que, ao sair da cadeia, alia-se ao melancólico pistoleiro Sterling Hayden (1916-86) em um plano para roubar uma fortuna em jóias, cuja realização depende do apoio de um aparentemente rico (mas na verdade falido) advogado desonesto, feito por Louis Calhern (1895-1956), talvez em seu melhor momento no cinema.

Mas, apesar do roubo dar certo, o que se segue é trágico. John Huston (1906-87) dirigiu com extrema habilidade, também colaborando no roteiro, produzindo o que é basicamente uma fábula moral sobre o crime (que o lascivo ladrão feito por Jaffe define como uma forma degenerada do esforço humano), com personagens que oscilam entre o repulsivo e o patético, equivocados em seus objetivos e incapazes de lidar com suas frustrações, e cujas fraquezas os levam à perdição, a solidão e a morte.

Com fotografia escura de Harold Rosson, quase sem música (esparsamente fornecida pelo mestre Miklos Rozsa), cheio de detalhes e subentendidos, é um dos grandes momentos do noir. Jean Hagen (1923-77), sempre lembrada como a atriz de voz horrível de "Cantando Na Chuva", faz a moça que, apaixonada por Hayden, tenta ajudá-lo.

E a muito jovem Marilyn Monroe (1926-62), em seu primeiro papel marcante, faz a jovem amante de Calhern, que pateticamente chama o velho de tio. Foi refilmado três vezes: transformado em western em 1958 como "Os Homens das Terras Bravas" ("The Badlanders"); em 1963 como :"Cairo", com George Sanders e em 1972, com elenco negro, como "A Essência de um Roubo" ("Cool Breeze").

E influenciou fortemente, entre outros, outro clássico do gênero, francês mas dirigido pelo americano Jules Dassin, "Rififi" ("Du Rififi Chez Les Hommes", 1955), que se diferenciou por mostrar de forma minuciosa o roubo, transformando-o no ponto alto do filme. Boa cópia de origem duvidosa. A capinha cita um inexistente trailer e informa equivocadamente que o filme é em widescreen.

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