O Médico e o Monstro (1920)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2006

Nota 1

Esta foi a segunda versão muda do livro de Robert Louis Stevenson, produzida pela Paramount (então ainda Famous Players-Lasky) e que seria filmado muitas vezes, a sério e em diversas variações (as versões mais famosas são a de 1932, com Fredric March e a de 1941, com Spencer Tracy).

Aqui era um veículo para o grande ator teatral John Barrymore, que tem uma excepcional atuação (muito ligada às convenções do período mudo, portanto hoje um pouco datada) no papel-título, usando pouca maquiagem para a transformação em Mr. Hyde e mostrando toda sua maestria, em especial ao transmitir os pensamentos do monstruoso personagem através da expressão corporal, movimentos das mãos e olhares.

Ele estava ensaiando "Ricardo III" de Shakespeare na Broadway, e aproveitou elementos do personagem, outra figura trágica, para sua interpretação. Há poucas novidades (a mais original o pesadelo que Jekyll tem com uma imensa aranha) no que é no geral, uma adaptação bastante fiel do livro.

John Barrymore (1882-1942), irmão mais novo de Lionel e Ethel e avô de Drew, foi um dos maiores atores de sua época, um grande astro do teatro e do cinema mMudo (apelidado de The Great Profile, daí a todo instante a câmera se fixar nele de perfil), que com sua estupenda voz fez uma transição vitoriosa para o falado, primeiro na Warner e depois na Metro.

Mas durante a década de 30 seu alcoolismo e espírito boêmio foram arruinando sua carreira, levando-o aos poucos aos papéis secundários e filmes B até a morte por cirrose. Mas aqui ele está em grande forma, em um de seus grandes trabalhos, uma atuação imortal.

Edição de banca com cópia muito boa, tingida de sépia e azul, com metragem das mais longas conhecidas do filme, 82 minutos (a versão exibida na época tinha cerca de 70 minutos), e com trilha musical bastante adequada.

Rubens Ewald Filho

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Nota 3

Telefilme rodado na Lituânia que, mais uma vez, traz para as telas o clássico de Robert Louis Stevenson, tomando várias liberdades narrativas e criativas.

Na pele do protagonista está o inglês John Hannah, mais conhecido por seu papel na série "A Múmia", que parece bastante entediado, principalmente como Mr. Hyde. Talvez porque aqui a transformação é mostrada com certo minimalismo, longe do clima sobrenatural esperado, levando o filme para um lado duvidoso, questionando e explorando mais o lado da dependência química e deixando de lado o conflito sobre a dualidade do personagem. Não chega a ser ruim, mas não traz maiores atrativos.