Terra dos Deuses (1937)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2006

Nota 1

Celebrada superprodução da MGM, que foi a última produção do famoso Irving G. Thalberg (a quem este filme foi dedicado). Adaptação de best-seller da hoje fora de moda Pearl S. Buck, que ganhou Oscars de Melhor Fotografia e Atriz (Luise), tendo sido indicado também para Melhor Filme, Direção, Montagem (Muni foi indicado por outros filmes seis vezes e ganhou por "A Vida de Louis Pasteur", de 1935).

Mas é difícil aceitar certas convenções da época, tais como colocar atores ocidentais maquiados (forma pesada, artificial) para interpretarem chineses ao lado de outros realmente dessa origem (ou seja, os protagonistas são maquiados, os outros de origem chinesa mesmo).

Sem esquecer os sotaques variados, todos falam inglês normal mas a alemã Luise ainda conserva seu carregado sotaque. Na verdade, Muni impressiona por estar relativamente discreto (ele depois ficou famoso por sua canastrice) e Luise pelos olhos arregalados (sua carreira foi breve e teve dois Oscars seguidos para depois desaparecer, embora viva até hoje). Felizmente a produção supera isso, com uma narrativa viva e impressionante (a fotografia usa todas as influências principalmente os filmes soviéticos).

Ainda assim, para platéias atuais, não dá para disfarçar o jeito fake (falso) de tudo. Quem perdoar isso, verá um grande épico sobre a ascensão de um pequeno agricultor, que depois de se casar (casamento arranjado, mas os dois vão se gostar) e ter filhos, consegue prosperar e comprar mais terras. Só que vem a seca e a fome, eles emigram para a cidade grande onde é a esposa quem encontrará a saída. Ainda assim, o marido sucumbirá à atração de uma segunda esposa.

O clímax será a invasão dos gafanhotos (foram usadas cenas autênticas). A produção é convincente (Muni foi trocado com a Warner e a MGM emprestou Clark Gable e Leslie Howard). Quando foi realizado, o Japão estava em guerra com a China (e por isso foram proibidos de colocar japoneses no lugar de chineses no elenco).

O livro havia sido adaptado em 1933 para o teatro com Nazimova e Claude Rains. Foram usadas cenas de arquivo feitas por George W. Hill para outra fita (ele morreu por essa época). Apesar das restrições, o filme resiste bastante bem graças à sua impecável produção.