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Ficha completa do filme

Guerra,Comédia,Drama

Coronel Blimp: Vida e Morte (1943)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2006
Nota 1

Durante muitos anos este importante trabalho (roteiro, produção e direção) da grande dupla inglesa Michael Powell (1905-90) e Emeric Pressburger (1902-88) foi visto apenas em versões com até uma hora a menos de metragem e re-editado para modificar a estrutura em flash-back. Só nos anos 80, com a ajuda dos diretores, foi restaurado à forma original. Isso se deveu ao mal-estar e às críticas que o filme provocou na Inglaterra no lançamento, tantas que Winston Churchill (que detestava o filme) tentou bani-lo e impedir sua exportação.

Em plena II Guerra, com o país em luta acirrada contra os nazistas, era mesmo ousado conceber um filme anti-militarista (ou que, no mínimo, ironiza a vida militar) cujo protagonista prega o cavalheirismo a todo custo e tem como melhor amigo um oficial alemão. Acompanhamos as aventuras do inglês Clive Candy (Livesey) que, começando sua carreira militar na Guerra dos Bôeres, chega a general, já idoso, na II Guerra, sempre com uma visão civilizada dos conflitos e não bélica, respeitando e tentando compreender o inimigo e se recusando a aceitar a selvageria. Ele tem como grande amigo um alemão, com quem se bateu em duelo (Walbrook) e que se casou com a moça que ele secretamente amava (Kerr em seu primeiro papel importante), de cuja perda ele nunca se recupera, procurando substituí-la (fazendo com que Deborah, poeticamente, apareça em outros dois papéis de mulheres da vida dele).

Com a perfeição técnica típica dos The Archers, a mítica produtora da dupla Powell-Pressburger, humor sutil e delicado bem dosado com o sentimentalismo pelas impecáveis atuações, é ainda hoje um filme indefinível, muito original e diferente, que em um primeiro momento parece lento e banal mas aos poucos cativa o espectador e o faz refletir. O coronel do irônico título (só compreensível mesmo para os ingleses do período), nunca citado no filme, era um personagem de quadrinhos muito popular, publicado em jornal (desenhado por David Low), um militar muito pretensioso, tipicamente britânico, colonialista e reacionário. Ou seja, o oposto do herói do filme.

Um dos diretores-assistentes é Tom Payne, que depois faria nome no Brasil dirigindo, escrevendo e atuando na Vera Cruz. Foi o primeiro filme em Technicolor dos diretores e um dos poucos a cores realizados na Inglaterra na época, devido às dificuldades em obter negativo. Edição traz boa cópia. A americana da Criterion traz cópia com metragem um pouco mais longa (163 minutos) restaurada pelo British Film Institute, comentário em áudio com Powell e Martin Scorsese, perfil dos diretores, fotos de bastidores e uma coleção de tiras de jornal do Coronel Blimp original.

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