Amar foi minha Ruína (1945)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2005

Nota 1

Premiado com Oscar de Melhor Fotografia a Cores. Indicado ao Oscar de Direção de Arte e Atriz (Gene). Foi refilmado para a tevê com Loni Anderson. O livro original, que foi best-seller, tinha 380 páginas (mas é bastante fiel, tendo sido cortados apenas alguns detalhes, como desastres naturais que ajudavam a unir o casal).

Não foi proposital mas há um grande número de melodramas neste livro, talvez justamente porque este estilo de filme, sempre próximo da telenovela é o que resiste melhor na imaginação popular.

Aqui é um dos pontos altos do gênero, com uma fotografia colorida espetacular (houve mesmo um planejamento no uso psicológico da cor, até mesmo nos figurinos, o vermelho, verde, azul e branco como cores exclusivas de Ellen, enquanto os outros ficam com cores neutras, o conflito entre irmãs é visualizado em vermelhos e verdes e assim por diante) e o momento mais belo de Gene Tierney, resplandecente, ainda mais do que em Laura.

É justamente o ponto central da trama: como uma mulher tão bonita pode ser também tão maldosa, tão fria, tão ciumenta. O filme já começa sendo narrado pelo amigo da família e advogado, depois que o herói passou dois anos na cadeia.

Outros temas que são fáceis das pessoas se identificarem. Cornel Wilde (que foi Chopin em "À Noite Sonhamos") é o escritor entre a mulher implacável e a ingênua (também papel ideal para a ainda starlet Crain), o rival que depois o processa (o sempre epiceno Price) e algumas cenas inesquecíveis, dignas de um filme de terror (Ellen/Gene deixando o irmão pré-adolescente dele morrer afogado diante dela sem tomar qualquer atitude).

Outro momento marcante é quando ela, sabendo-se grávida, deixa-se rolar por uma escada para perder a criança. Duas cenas que passaram a fazer parte do imaginário do cinema. Certamente uma das fotografias em Technicolor mais bem sucedidas da História do Cinema (prejudicada aqui por cópia de origem duvidosa).