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Ficha completa do filme

Drama

Anna e o Rei do Sião (1946)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2006
Nota 4

Todo mundo conhece "O Rei e Eu" ("The King and I", 1956), o musical com Deborah Kerr e Yul Brynner. Mas poucos lembram desta primeira versão realizada uma década antes do livro de Margaret Landon, que romantiza uma personagem real. Ao contrário da versão de 1956, essencialmente uma comédia romântica, um musical colorido e romântico, este é um drama, até um pouco triste, que aborda o conflito cultural entre a civilizada professora inglesa e o primitivo (mas curioso e interessado em aprender) rei do Sião (hoje Tailândia) de forma mais complexa, explorando melhor os personagens (em roteiro indicado ao Oscar de Sally Benson e Talbot Jennings), com mais episódios e de forma menos esquemática do que a refilmagem.

O inglês Rex Harrison (1908-90), maquiado de oriental, em seu primeiro filme americano, faz com competência o rei (usando muitos dos maneirismos que seriam depois imortalizados por Yul Brynner, como definir tudo como científico ou encerrar as frases com et cetera, et cetera, et cetera). Mas é Irene Dunne (1898-90), como a professora Anna, que brilha em uma atuação nuançada e delicada, cheia de sensibilidade, que dá o tom do filme. Também o elenco de apoio se sai bem sob a pesada maquiagem (Lee J. Cobb, Linda Darnell, a indicada ao Oscar de Atriz Coadjuvante Gale Sondergaard, que faz a mãe do príncipe herdeiro), e o filme ainda tem trilha musical superlativa do mestre Bernard Herrmann (também indicada ao Oscar).

Mas um dos grandes trunfos do filme é o bonito visual e o capricho da produção, que nem o preto e branco consegue deixar menos espetaculares, e que deram ao filme seus dois Oscars, de Direção de Arte e Fotografia. Tudo sob a direção do grande (e hoje esquecido) artesão John Cromwell (1888-1979). Um belo filme, que existia no Brasil apenas em VHS dublado, e que merece ser descoberto. Assim como a refilmagem "Ana e o Rei", de 1999 com Jodie Foster, este foi banido da Tailândia devido à falta de fidelidade histórica (ou seja, ao exotismo e excentricidade bárbaros do rei). A vida imita a arte. A estrela Linda Darnell (1923-65) morreria queimada num incêndio e aqui ela é queimada até a morte. A edição americana tem um programa do canal A&E, a biografia real de Anne Leonowens, mais cenas da premiére do filme em Hollywood, trailer de cinema.

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