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Ficha completa do filme

Faroeste

Os Brutos Também Amam (1953)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2003
Nota 5

Um dos mais famosos e superestimados faroestes de todos os tempos (o crítico Paulo Perdigão, programador de filmes da Rede Globo, chegou a escrever um livro inteiro sobre ele). Premiado com Oscar de Fotografia. Fez sucesso de bilheteria e deu para Alan Ladd o melhor papel de sua carreira.

Nas filmagens, Ladd ficou muito amigo de Heflin, até o final de sua vida, com o aparente suicídio em 1964. O personagem do misterioso estranho que chega para resolver problemas e depois vai embora mais tarde foi várias vezes imitado. Foi o último filme da estrela Jean Arthur (1905-91), e a revelação do garoto Brandon de Wilde, então com nove anos (1941-72), que praticamente rouba a fita (ele chegou a ser indicado ao Oscar de Coadjuvante, fez carreira como ator adolescente mas morreu cedo num acidente automobilístico). Tanto Ben Johnson quanto Jack Palance, que fazem os vilões, ganhariam Oscars de Coadjuvantes por outros filmes (Ben por "A Última Sessão de Cinema", Palance por "Amigos, Sempre Amigos").

Também a fita que consagrou Jack Palance (que na época se assina Walter Jack). Rodado nas Montanhas Teton, no Estado de Wyoming. Certamente há faroestes com mais ação e maior aprofundamento psicológico, mas nenhum é mais bonito, mais bem cuidado pictoricamente do que este. Cada plano é um primor de enquadramento, composição, equilíbrio, como se Stevens tivesse passado dias esperando pela nuvem perfeita para aquele momento (e é provável que tenha feito isso mesmo).

Concebido como uma alegoria entre o Bem e o Mal, é extremamente rigoroso e até acadêmico. Nada fora do lugar, tudo perfeitinho. O personagem central se tornou realmente exemplar: o sujeito que veio do nada, obviamente com um passado conturbado de pistoleiro (que nunca é desvendado), se une à amizade ao garoto Joey (Brandon, uma das interpretações mais sinceras e tocantes de um menino no cinema).

Apesar da óbvia atração mútua pela mulher do colono, esse tema nunca é levado adiante (a voz irritante de Jean Arthur nunca esteve tão evidente quanto neste filme). O bom homem Shane é loiro, usa roupas claras, o pistoleiro Palance usa roupas escuras, está sempre de negro.

A paisagem sempre emoldurada pelas montanhas com neve oferece também alguns momentos realistas (a rua com lama serve para o duelo a tiros e a morte de Elisha Cook Jr). Mas, basicamente, o filme segue o ritual do gênero: o duelo a tiros, o funeral, a luta a socos (com o outro vilão, Ben Johnson). Mas a violência é o último recurso, quando não há mesmo outra possibilidade.

Parece que a intenção do diretor é fazer uma elegia ao gênero e ao mito do Western, de forma lírica e nostálgica, muito ajudado por uma trilha musical emblemática de Victor Young, simbolizada principalmente pela idealização que o garoto Joey faz do herói Shane (Come back Shane!).

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