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Ficha completa do filme

Drama

Sedução da Carne (1954)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2004
Nota 4

Foi um escândalo na época quando Visconti, que havia sido precursor do Neo-Realismo, teve a ousadia de contestar o movimento, realizando um drama histórico/ romântico, assumidamente operístico, em tudo: trilha musical, os gestos, postura, a movimentação de câmera.

É uma perfeição de enquadramentos, tratamento de cor, bom gosto em cenários e figurinos. Mesmo assim, foi um lendário fracasso. Ele se inspirou num livro de Camillo Boito (de 1883), sobre a paixão trágica de uma Condessa por um oficial. Visconti resolveu situar a ação na época da Reunificação, quando a Itália enfrenta a Áustria, que ainda ocupa Veneza. É o retrato da paixão trágica, levada às últimas conseqüências.

Foi pena não poder contar com os atores que pretendia - Ingrid Bergman e Marlon Brando. Mas a bela Alida, aos 33 anos, ainda é uma boa substituta. Com profundos olhos azuis, perfil aristocrático, faz par com o americano Granger, efeminado como o tenente mulherengo e vigarista (logo depois sua carreira estagnou-se quando ameaçaram revelar seu homossexualismo).

A idéia era dar o título de "Custozza" (o nome de uma grande derrota da Itália, mencionada na história), já que sua intenção era mostrar uma guerra, feita por apenas uma classe social, e por isso um desastre. Mas a censura não deixou. Perseguiram o filme, o classificaram de reacionário. O produtor também exigiu mudanças no final. Mas o tempo se encarregou de fazer justiça.

O filme serviu de ensaio para o semelhante "O Leopardo" (1963). Uma curiosidade: há uma versão falada em inglês, com os dois atores centrais usando a própria voz. O curioso é que o texto dessa versão foi adaptado pelo amigo de Visconti, Tennessee Williams. Cópia boa mas com cores um pouco desbotadas.

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