As Amigas (1955)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2004

Nota 1

Um dos filmes menos conhecidos e lembrados de Antonioni (chegou ao Brasil apenas depois do sucesso de "Aventura", "A Noite" e "Eclipse"). Apesar de seu excelente elenco, hoje um pouco esquecido, o filme ganhou o prêmio de Melhor Diretor em Veneza e pelos críticos italianos.

Ele realmente é um mestre na narrativa, nas marcações, sabendo colocar as câmeras para os atores sempre aproveitando o melhor possível das locações. Na época, era raro e original discutir os problemas femininos (apenas Bergman começava a abordar o tema mais ou menos na mesma época) e dá para notar como Antonioni influenciou Walter Hugo Khouri.

Está presente já a angustia existencial que leva uma das amigas, Rosetta, a tentar o suicídio (não apenas por amor, mas pelo vazio de sua vida, tema que Antonioni exploraria mais profundamente depois). Se os romances são aparentemente banais, todos os personagens conseguem ser humanos.

Como era costume na época, todos os atores são posteriormente dublados (o que tira o sotaque de estrangeiros como a francesa Yvonne, que também esteve em "La Dolce Vita"). A fotografia é do genial Gianni Di Venanzo ("Oito e Meio") e a trilha toda em cool jazz.

A estrela Eleonora Rossi Drago, vinda do Neo-Realismo largou a carreira nos anos 70, depois de uma plástica no nariz que lhe tirou a personalidade (Valentina Cortese, que faz a esposa traída também reduziria seu nariz, prática não tão comum na época).

Mesmo sem ter grande impacto, ainda é um belo exemplo do melhor cinema italiano. A cópia é boa apesar de não ser widescreen, não chega a deformar demais o enquadramento.