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Ficha completa do filme

Drama

Sede de Viver (1956)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2006
Nota 4

Esta biografia romanceada de Van Gogh (baseada no livro de Irving Stone) foi um dos mais queridos projetos do mestre Minnelli (1903-86). Era um trabalho sob medida para ele, um grande apreciador de arte, conhecido pela meticulosidade com que cuidava do visual de seus filmes.

Ele não poupou esforços para reproduzir na tela os temas e ambientes que inspiraram Van Gogh, em um trabalho de cenografia excepcional (indicado ao Oscar) que literalmente traz à vida os quadros do pintor, recorrendo por vezes às locações reais (chegaram a pintar um campo inteiro no mesmo tom de amarelo que ele usou).

Mas o filme seria só um exercício de hiper realismo se Minnelli também não tivesse cuidado das interpretações. Kirk Douglas tem um grande momento em uma atuação indicada ao Oscar (e ganhadora do Globo de Ouro), apaixonada e intensa mas ao mesmo tempo sóbria ao mostrar a personalidade atormentada do pintor e seu progressivo enlouquecimento com muitas nuances, sem cair no caricato (ajudado também pela decisão de Minnelli de abordar, de forma discreta, os episódios mais anedóticos e conhecidos, como a ajuda financeira do irmão Theo e a orelha cortada com navalha).

Também o Gauguin de Anthony Quinn (1915-2001), grande amigo e ao mesmo tempo oposto de Van Gogh (um solar e bem resolvido, outro lúgubre e infeliz), é bem caracterizado e lhe valeu uma indicação ao Globo de Ouro e o Oscar de Coadjuvante do ano (por uma performance que soma apenas 12 minutos no filme).

Mas o acerto é mesmo o visual e a tentativa de mostrar para o espectador um pouco da visão expressionista de Van Gogh, com o uso habilidoso do Cinemascope típico do diretor.

Ainda que hoje as cores meticulosamente estudadas e escolhidas por Minnelli tenham ficado mais apagadas devido às deficiências técnicas do sistema Ansco, que o tempo mostraria ser inadequado para a conservação do negativo por longos períodos. Foi indicado também ao Oscar de Roteiro. Um clássico, que merecia edição melhor.

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