Quando Voam as Cegonhas (1957)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2003

Nota 1

É curioso como este filme superestimado chegou à Palma de Ouro em Cannes e foi saudado como obra-prima (certamente insuflado pelo Partido Comunista então muito poderoso e sua mensagem hoje meio ridícula pregando uma paz universal). Teve também menção especial à bela atriz Tatiana.

O fato é que o diretor tem um notável talento para fazer belos enquadramentos, bonitas imagens. Mas é muito estranho que o filme não tenha reconstrução de época, parece ser contemporâneo (deve ter sido proposital mas resulta muito esquisito). Não apresenta qualquer problema, conflito ou nada muito trágico (ainda era muito próximo da ditadura Stalin) nem mesmo denuncia o holocausto soviético (onde morreu uma imensidão de gente). É apenas uma banal história de amor, mal desenvolvida (o título vem porque ocasal vê as cegonhas voarem logo no começo) e inferior mesmo à "Balada do Soldado".

O discurso populista final prejudica muito. Só resiste mesmo o talento do cineasta georgiano (que mais tarde faria o poderoso "Eu Sou Cuba" e morreria em 1973, esquecido). Boa cópia.