Testemunha de Acusação (1957)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 04/09/2007

Nota 5

Já foi dito que este é um dos melhores filmes de Alfred Hitchcock, só que dirigido por Billy Wilder. Também é a única adaptação de um trabalho de Agatha Christie, neste caso uma peça teatral, de que a escritora gostava. Wilder já tinha feito filmes policiais, como "Pacto de Sangue", mas nunca uma história tão explicitamente de mistério e revelações-surpresa. Foi Marlene Dietrich quem o convenceu a rodar o filme. O diretor criou especialmente para ela um número musical, a canção "I'll Never Go Home Anymore". Esta foi provavelmente a melhor interpretação dramática da carreira da atriz.

Charles Laughton faz o advogado de defesa do personagem interpretado por Tyrone Power. Segundo Wilder, Laughton era o melhor ator com quem havia rabalhado, ajudando muito Marlene na composição de sua personagem. Quem também está no filme como a enfermeira é Elsa Lanchester, mulher na vida real de Laughton e que, pelo papel, chegou a ser indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante. Também foram indicados o filme, o diretor, a montagem e Laughton.

Basicamente esta é uma história de tribunal e o lugar foi reconstituído em seus mínimos detalhes num estúdio. Até mesmo a reação dos jurados foi filmada num só dia, com Laughton fazendo questão de ler todas suas falas fora da câmera para ajudá-los.

Este acabou sendo o último filme do galã Tyrone Power, que demonstrou aqui definitivamente que era também um bom ator. Ele tinha 43 anos quando rodava uma cena de "Salomão e a Rainha de Sabá" na Espanha e caiu morto de um enfarte fulminante. Este clássico de suspense foi um digno legado.