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Ficha completa do filme

Aventura

Lawrence da Arábia (1962)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2001
Nota 5

Dentro dos filmes mais bonitos, mais bem fotografados, mais perfeitos, reserve sempre um lugar para as obras de David Lean. Como "Lawrence", até hoje o exemplo perfeito de como se fotografar um filme no deserto. Ninguém conseguiu fazer melhor, nem acredito que tentará.

Este é um filme definitivo também como biografia, que mostra muito e explica muito pouco. Falando de um personagem controvertido e ambíguo, que teve um papel político confuso, é um verdadeiro milagre que sustente o interesse e por vezes até empolgue.

É sempre graças ao trabalho do diretor, que fotografa as dunas de maneira irretocável. A inesquecível tomada do trem turco, que se dá ao luxo de utilizar o calor da areia formando o que primeiro parece uma miragem e que aos poucos vai tomando forma, no que é a primeira aparição de Omar Sharif no filme. Grandioso sem ser grandiloqüente, épico sem cair em exageros, histórico sem se tornar didático, "Lawrence" é uma obra-prima no gênero, de tal forma que fica difícil pensar num deserto sem a fotografia de Freddie Young e a música de Maurice Jarre.

Antes de sua morte, Sir David Lean (1908-91) ainda teve tempo de supervisionar a restauração deste seu filme, que foi relançado em sua versão completa (incluída uma cena polêmica na qual o herói era estuprado pelo árabe José Ferrer, deixando mais clara a opção homossexual posterior do protagonista).

Foi ela que lançou o pouco conhecido irlandês Peter O´Toole (Lean o descobriu num papel menor em "O Dia em que Roubaram o Banco da Inglaterra", depois de terem sido considerados para o papel Albert Finney, Anthony Perkins e Guinness, que era velho demais para o papel). Com seu cabelo pintado de mais loiro (e ainda uma operação plástica para tornar mais reto seu nariz!), ele teve também de controlar suas lendárias bebedeiras para que Lean o aceitasse no papel.

Mas foi difícil: durante as filmagens ele teve uma longa sucessão de queimaduras, ligamentos quebrados e outros problemas semelhantes. Além de ter sido mordido e derrubado por camelos diversas vezes. Na cena do acidente de moto, a última filmada, quase que o ator realmente morreu quando o veículo se desmontou inteiro. Dizem que ao final das filmagens ele se retirou para um hospital para descansar.

O filme transformou em astro um ator egípcio, que era astro em sua terra natal, Omar Sharif (que mais tarde faria com o mesmo diretor o papel título de "Doutor Jivago").

Todas as cidades (Damasco, Cairo, Jerusalém) foram recriadas na Espanha e para interpretar mulheres muçulmanas algumas foram realmente importadas do Egito. O filme ganhou sete Oscars, inclusive melhor filme, diretor, direção de arte a cores, fotografia a cores, montagem, trilha musical (o primeiro para Maurice Jarre) e som, mas não ator (O'Toole perdeu para Gregory Peck), nem coadjuvante (Sharif perdeu para Ed Begley). A fita custou na época a fortuna de 15 milhões de dólares.

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