À Sangue Frio (1967)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2003

Nota 4

Este é um filme que não apenas resistiu ao tempo, como até ficou melhor. É verdade que é um pouco lento, mas tem uma esplêndida fotografia em preto e branco, e um notável esforço de produção. É adaptação para o cinema do livro mais famoso do escritor Truman Capote, que havia criado um novo gênero, o drama de "não-ficção" que reconstrói fatos reais com detalhes precisos.

Durante quase dois anos, ele acompanhou a investigação e depois o julgamento de dois criminosos que mataram a sangue frio e sem justificativas uma família inteira. O filme foi dirigido e adaptado pelo veterano Richard Brooks (1912-92) que fez questão de ser igualmente fiel. Rodou em locações autênticas, não apenas na cidade de Kansas City, mas chegou ao cúmulo de usar até mesmo a própria casa e sala onde ocorreram os assassinatos. Para interpretar os dois criminosos, ele encontrou dois novatos e desconhecidos, o ex-ator infantil Robert Blake (que depois ficaria famoso com o seriado "Baretta" e pela acusação do assassinato de sua ex-esposa) e Scott Wilson (que depois continuaria como coadjuvante). O estúdio porém queria Paul Newman e Steve McQueen. Na segunda parte do filme tem o julgamento, que é feito no mesmo lugar (Finney Court House, em Garden City) e com as mesmas pessoas no júri quando haviam chegado ao veredicto.

O pai verdadeiro de Perry Smith interpretou a si mesmo, e os habitantes de Holcomb trabalharam como figurantes. Durante a filmagem, Brooks não deixou o elenco ler o livro nem o roteiro inteiro. Capote trabalhou perto do diretor e gostou muito do resultado. Infelizmente a edição em DVD não menciona nenhum dos fatos acima. Indicado para Oscars de "Fotografia" (Conrad Hall), "Direção", "Trilha Musical" (Quincy Jones) e "Roteiro". Foi "Melhor Diretor" pelo "National Board of Review". Tem apenas trailers (de filme não lançado aqui como "A Hora do Diabo").