Inferno no Pacífico (1968)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2002

Nota 1

Este não é simplesmente um filme de guerra. A história de dois soldados, um japonês (Mifune, dos filmes de Kurosawa) e outro americano (Marvin), isolados numa pequena ilha do pacífico, é também uma espécie de parábola. Os homens estão condicionados por suas heranças: as circunstâncias de guerra e culturas diversas. Eles não agem como pessoas, mas como inimigos.

Originalmente rodada com o título de "Enemy", a fita (que teve sérios problemas de produção) tinha um final diferente, que mostrava os dois se separando depois de uma briga, mas optou-se por um final mais fraco e incoerente. A progressão do filme, entretanto, é exemplar. Os dois se evitando, entrando em choque pela água, se brutalizando e por fim colaborando na construção da jangada.

A fotografia era excepcional, não só mostrando os tons de verde e azul da ilha, mas principalmente na viagem de jangada (no único instante que eles se entendem). Com momentos de comédia, apesar de apenas dois atores, o filme não cansa.

Falha nas suas pretensões, mas é extremamente interessante. Mais tarde, o diretor alemão Wolfgang Petersen ("O Barco", "Mar em Fúria") aproveitou de certa maneira a mesma história em "Inimigo Meu", só que ambientada no futuro e em outro planeta (onde um humano e um extraterrestre também ficam isolados). Cópia nacional mediana.